No dia da consciência negra é importante refletir sobre um fato lamentável, uma imensa traição, ocorrido no RS, o massacre dos lanceiros negros. Quem conta a história é o historiador André Melo da FAPA, em artigo publicado hoje na Zero Hora.
A traição aos lanceiros negros
A Revolução Farroupilha já tinha ultrapassado o conturbado período das regências (1831-1840), estendendo-se, perigosamente, durante os primeiros anos do Segundo Império. Como as grandes cidades estavam fechadas aos farrapos (isto inclui a barra de Rio Grande), era inevitável que a região platina fosse responsável por sustentar os 10 anos de guerra, fornecendo tanto armas quanto cavalos.Esgotados economicamente e sentindo a necessidade que o Império tinha de obter apoio militar dos rebeldes gaúchos face a suas ambições no Prata, os farrapos passam a negociar a paz. O Brasil oferecia um aumento de 25% na taxa sobre o charque; também assumiria a dívida gaúcha e passaria os farrapos para o Exército nacional, seguindo as mesmas patentes que eles ostentavam no Exército Farroupilha.Porém, o que fazer com um grupo de negros que haviam lutado na revolução e que possuíam 10 anos de experiência em guerras? O Império nem cogitava a possibilidade de libertar o Corpo de Lanceiros Negros do Exército Farroupilha, pois a escravidão continuava no país. Nem mesmo a independência (1822) e a adesão de idéias liberais por parte das elites foram capazes de abalar o modo de produção escravista.Engana-se quem pensa que realmente existiu uma democracia racial entre os farrapos. Ao contrário de Artigas (Uruguai), nunca os líderes farroupilhas prometeram liberdade aos escravos que com eles lutaram. Os soldados até poderiam ser negros, mas os oficiais eram todos brancos. A solução (arrumada por Caxias e Canabarro) viria em 14 de novembro de 1844, quando aconteceria o episódio mais lamentável de toda a Revolução Farroupilha: a traição de Porongos, com o massacre dos lanceiros negros. Desarmados um dia antes por ordem de David Canabarro, os negros foram alvo fácil para as tropas do Império sob o comando de Francisco de Abreu, o Moringue. O objetivo havia sido alcançado, isto é, estava eliminado o último foco de resistência à assinatura da paz. Logo em 1848, o RS já estaria lutando novamente ao lado dos imperiais contra as forças de Rosas e Oribe. Seria uma boa oportunidade para os estancieiros gaúchos contrabandearem gado do Prata (as califórnias).A vinda de imigrantes europeus a partir de 1824 já evidenciava uma nítida tentativa de branqueamento da população. Essa primeira reforma agrária que tivemos excluiu totalmente os negros. Por 388 anos o Brasil não teve trabalhadores, mas, sim, escravos. Quando realmente começaremos a reparar esse grande erro histórico?
A Revolução Farroupilha já tinha ultrapassado o conturbado período das regências (1831-1840), estendendo-se, perigosamente, durante os primeiros anos do Segundo Império. Como as grandes cidades estavam fechadas aos farrapos (isto inclui a barra de Rio Grande), era inevitável que a região platina fosse responsável por sustentar os 10 anos de guerra, fornecendo tanto armas quanto cavalos.Esgotados economicamente e sentindo a necessidade que o Império tinha de obter apoio militar dos rebeldes gaúchos face a suas ambições no Prata, os farrapos passam a negociar a paz. O Brasil oferecia um aumento de 25% na taxa sobre o charque; também assumiria a dívida gaúcha e passaria os farrapos para o Exército nacional, seguindo as mesmas patentes que eles ostentavam no Exército Farroupilha.Porém, o que fazer com um grupo de negros que haviam lutado na revolução e que possuíam 10 anos de experiência em guerras? O Império nem cogitava a possibilidade de libertar o Corpo de Lanceiros Negros do Exército Farroupilha, pois a escravidão continuava no país. Nem mesmo a independência (1822) e a adesão de idéias liberais por parte das elites foram capazes de abalar o modo de produção escravista.Engana-se quem pensa que realmente existiu uma democracia racial entre os farrapos. Ao contrário de Artigas (Uruguai), nunca os líderes farroupilhas prometeram liberdade aos escravos que com eles lutaram. Os soldados até poderiam ser negros, mas os oficiais eram todos brancos. A solução (arrumada por Caxias e Canabarro) viria em 14 de novembro de 1844, quando aconteceria o episódio mais lamentável de toda a Revolução Farroupilha: a traição de Porongos, com o massacre dos lanceiros negros. Desarmados um dia antes por ordem de David Canabarro, os negros foram alvo fácil para as tropas do Império sob o comando de Francisco de Abreu, o Moringue. O objetivo havia sido alcançado, isto é, estava eliminado o último foco de resistência à assinatura da paz. Logo em 1848, o RS já estaria lutando novamente ao lado dos imperiais contra as forças de Rosas e Oribe. Seria uma boa oportunidade para os estancieiros gaúchos contrabandearem gado do Prata (as califórnias).A vinda de imigrantes europeus a partir de 1824 já evidenciava uma nítida tentativa de branqueamento da população. Essa primeira reforma agrária que tivemos excluiu totalmente os negros. Por 388 anos o Brasil não teve trabalhadores, mas, sim, escravos. Quando realmente começaremos a reparar esse grande erro histórico?
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