Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sexta-feira, 19 de março de 2010

Certas Verdades Ditas Por Jefferson


Abaixo um artigo do polêmico Roberto Jefferson, mas cheio de grandes verdades.

São ideológicos, por isso corrompem

Um dos traços constantes da vida brasileira é a coexistência de dois tipos heterogêneos e incomunicáveis de política: a "profissional", cuja única finalidade é o acesso a cargos públicos para a conquista de benefícios pessoais ou grupais, e a socialista (ou "capitalismo burocrático-corporativo", como define o sociólogo Fernando Henrique Cardoso), empenhada na conquista do poder total sobre a sociedade.


A segunda vale-se ocasionalmente dos instrumentos da primeira, mas, sobretudo, cria os seus próprios: os "movimentos sociais" (o adestramento de formidáveis massas militantes dispostas a tudo), a ocupação de espaços na administração federal e em áreas estrategicamente vitais e, por último, mas não menos importante, a conquista da hegemonia cultural.


As próximas eleições vão opor, numa disputa desigual, a política socialista à profissional. Esta emprega os meios usuais de propaganda, enquanto aquela utiliza todos os meios disponíveis (inclusive os heterodoxos).


O político profissional tem a seu favor somente os eleitores, que se manifestam a cada quatro anos e depois o esquecem, enquanto o socialista tem a vasta militância, pronta a matar e a morrer por quem personifica suas aspirações.


O voto, ainda que avassaladoramente majoritário, não afiança ninguém no poder. O que garante a supremacia é a massa organizada, disposta a apoiar o eleito todos os dias e por todos os meios. Vejam a situação da governadora do Rio Grande do Sul: quando a oposição se vangloriou de ter "varrido o PSDB do Estado gaúcho", não percebeu que tentara expulsá-lo apenas de um cargo público.


O maior erro que as débeis oposições cometem é não saber enfrentar o modelo político socialista.


É de acentuar que a quase totalidade do empresariado nacional já foi cooptada e aceita naturalmente o petismo, que se adonou e faz uso do histórico caráter patriarcal do Estado brasileiro -sedimentado pela ditadura militar- em seu benefício.


O estatismo foi reconfigurado. É mais fácil controlar mecanismos reguladores (em todos os níveis) e instâncias de fomento e financiamento, que tornam reféns de seus interesses os capitães da indústria privada.


Na discussão orçamentária, os políticos profissionais preocupam-se apenas com emendas que podem fortalecê-los em suas bases, proporcionando-lhes benefícios particulares.


Nenhum deles confronta a tradição doutrinária de controle da máquina pública e do exercício do poder, delineada desde Maquiavel.


Seguidor de Lênin, Trótski, Stálin e Gramsci, o petismo, por meio de seu núcleo dominante, abriu mão da luta armada, mas não do objetivo revolucionário. E valem-se da União, a garantidora de empréstimos a municípios e Estados. É o clientelismo, dos quais são porta-vozes os políticos de todos os partidos, que, assim, jogam pelas regras estabelecidas por aqueles que detêm o poder decisório.


A eventual saída do PT da Presidência, porém, não mudará esse quadro. Porque os aparatos administrativo-arrecadadores (Receita Federal, INSS) e fiscalizadores senso estrito (policial e judicial), além da órbita cultural, foram aparelhados.


O PT detém controle também sobre os sindicatos, o funcionalismo público, o aparato repressivo (MPF e PF, usados para destruir seus inimigos, fazendo terrorismo e chantagem política), os estudantes, os camponeses, a igreja, a intelectualidade artística, universitária e jurídica.


Se eleito, portanto, José Serra vai comandar uma máquina estatal dominada por adversários, muitos deles indicados para atuar em tribunais superiores. Sem esquecer o MST, que mantém acampamentos ao longo das principais rodovias (e pode, a qualquer momento, paralisar o país).


No Brasil, hoje, não há mais escândalos. Ficam uma semana nos jornais e na TV, depois ninguém mais se lembra deles. Não produzem consequências judiciais, porque o sistema é pesado e dominado por uma processualística interminável, da qual decorre a impunidade. O caso do mensalão é emblemático.


O PT deu caráter rotineiro a tudo isso na vida brasileira. As oligarquias aliaram-se ao partido pensando que iriam dominá-lo, mas se deu o contrário, porque elas não têm projeto.


O PT, contudo, tem, e o põe em prática planejadamente, sistematicamente, em todos os níveis. Segue a lógica da revolução, quer construir o socialismo (quem sabe à maneira de Fidel, que Lula e sua turma tanto incensam?). Os petistas acreditam nisso.


Não são apenas corruptos, são ideológicos e, por isso, corrompem. E, no processo de destruição, vale tudo.


Para combater a hidra, é preciso conhecê-la, armar-se e propor um projeto diferente de país. Não se enfrentam tanques com bodoques, mas com mísseis. E, se vierem mísseis em represália, joga-se a bomba atômica.


Quem vai fazer isso?




ROBERTO JEFFERSON , 56, advogado, é presidente nacional do PTB.

Publicado na Folha de hoje.

7 comentários:

guimas disse...

Procurei, procurei, mas não encontrei nenhuma grande verdade no artigo, que pode ser resumido assim:

"Quem está no poder tenta garantir sua permanência no poder, e pode utilizar qualquer meio para isso."

Alguma semelhança com Sergião dizendo que o PSDB tinha um projeto de 20 anos no poder?

E isso vindo do impoluto Roberto Jefferson.

É, a Folha tá publicando qualquer merda que mandem pra lá (se for anti-petista, melhor ainda).

Carlos Eduardo da Maia disse...

Para o PT o que importa é fortalecer as instituições principalmente as estatais. O PT é adepto do estatismo e o Brasil sempre foi um país estatista, burocrata, cartorial, com estatais fortes e recheadas de amiguinhos dos políticos. Os militares fizeram esse tipo de politica que o governo FHC, com muita razão, tentou mudar implantando no Brasil o estado regulador e o modelo de agências, tal como ocorre na comunidade européia e EUA. O PT manteve essa estrutura, mas namora e pretende casar é com o estatismo. E esse tipo de política que o PT quer para o Brasil é retrocesso.

senna madureira disse...

Não vamos colocar o "bode" na nossa sala.

O Roberto Jefferson faz parte de tudo que denunciou.

O que lhe separou foi não ter sido contemplado com o "MENSALÃO".

Ou alguém acredita que não seria assim caso houvesse o "quero o meu" do Jefferson?

Pablo Vilarnovo disse...

Mestre Senna, o fato de ele pertencer ao que falou, não diminui a veracidade do que foi dito.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Concordo com o Pablo. Nunca imaginei colocar e concordar com um texto do Jefferson -- que é um cara que sempre critiquei -- aqui no depósito, mas o que ele disse é o que é.

guimas disse...

Maia, o estatismo de que falas foi substituido por FHC pelo sub-estatismo para amigos. O modelo de agências reguladoras, como já está mais que provado, pode ter tantas carências e deficiências quanto o estatismo.

Quanto ao que achas que o PT quer, bem, é a tua opinião. Também, lendo o Roberto Jefferson na Folha, é difícil conseguir uma visão mais equilibrada da coisa.

Muito do que dizes e pensa do PT é o que os cavaleiros do apocalispe político brasileiro pensam. Mais ou menos como os conspiracionistas vendo a mão do Gerdau em tudo que acontece no RS.

senna madureira disse...

O artigo do Roberto Jefferson é plagio descarado de um trabalho do Prof. Olavo de Carvalho.


Quem descobriu foi o Nivaldo Cordeiro, a Mídia Sem Máscara.

Que vergonha