Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 4 de março de 2010

Sorrisos, Cinismos e Isolamento

Na aparência, só na aparência, sorrisos.

Tem gente que quer transformar o Brasil numa república de uma voz só.  Como a oposição ao governo é sonolenta e incompetente, só resta mesmo a mídia para dizer certas verdades que devem mesmos serem ditas. E por isso, certas vozes se levantam contra a mídia, que é chamada de PIG - Partido da Imprensa Golpista, invenção de um Paulo Henrique de  tal, jornalista que hoje trabalha para o bispo da Record, o rei do dízimo. Se não fosse a grande mídia este país seria mesmo muito chato. Uma chatice só.

O que seria da vida da gente se não tivessemos condições de ler certas análises como a que fez Igor Gielow, na Folha de hoje,  sobre o encontro catastrófico do bizarro Amorim e a senhora Clinton?

Repito, o atual governo do Brasil não foi eleito para fazer a catastrófica política externa que está fazendo.

Defesa do Teerã reforça isolamento brasileiro



A defesa da posição iraniana feita ontem pelo presidente Lula e pelo ministro Celso Amorim durante a visita de Hillary Clinton aumenta o isolamento de uma diplomacia que gostava de se vender como uma das mais ponderadas do Ocidente, a brasileira. E reforça a desconfiança sobre o que está por trás do que à primeira vista parece miopia ideológica temperada com antiamericanismo de centro acadêmico.


A quase deselegância de Amorim com Hillary ontem coroa, para seus admiradores, uma suposta altivez do país emergente contra a potência imperialista. Para críticos menos deslumbrados, soberba.


O caso do Irã condensa a era Amorim. O Brasil insiste que os EUA fazem com Teerã o mesmo que fizeram ao provocar a guerra no Iraque em 2003. A premissa é falsa. Há anos que a porta para o Irã está aberta, especialmente a partir de Obama, e tudo o que o regime fez foi emular o balé da Coreia do Norte rumo ao teste nuclear.


Nem a aliada Rússia compra hoje pelo valor de face suas promessas, unindo-se à pressão mundial contra os iranianos. Soberania nacional é a argumentação básica do Brasil: tanto autoridades quanto gente do entorno do Planalto falam que, se abandonarmos o Irã, amanhã será a nossa vez. Seria apenas constrangedor, dada a ficha corrida do regime repressor e retoricamente genocida de Ahmadinejad. Mas pode levar a questionamentos sobre os reais interesses nucleares brasileiros, e Constituições não são intocáveis.


Na retórica governista, discordar disso implica ignorar a hipocrisia americana de pedir o desarmamento enquanto é capaz de destruir o mundo "x" vezes. Significa esquecer que Israel exerce repressão contra os palestinos e já é uma potência nuclear (ainda que não prometa varrer alguém do mapa). Que temos de desconfiar dos grandes. Todas essas são verdades, mas elas não deveriam servir para escamotear ingenuidade ou coisa pior.


Lembrarão ainda os lulistas que vendemos mais para o Irã hoje (quase nada, mas vá lá), como se política externa fosse trabalho para mascates. É significativo que tudo isso aconteça num período em que Lula tripudia de um preso político morto em Cuba e um cineasta dissidente é preso em Teerã.


O Brasil rompeu com Washington? Claro que não, a agenda é muito mais extensa que isso. Mas hoje a relação amanhece pior que anteontem.

5 comentários:

PoPa disse...

boa análise! Repare no sorriso, bem diferente da gargalhada ao lado de Fidel...

charlie foxtrot disse...

Que calamidade!

Neto disse...

O grande erro do governo está, justamente, nesta péssima política externa. Algo que já está até sendo esmiuçado e aproveitado pela oposição quando eles dizem:

"O Brasil tem dinheiro para mandar para a Venezuela e Cuba, como não tem para dar aumento no Bolsa Família? Não pensam no país?"

Em referência ao projeto de aumento no BF para alunos com boas notas nas escolas proposto pelo Tasso Gereissati no Congresso.

charlie foxtrot disse...

Que lixo de crítica, faz essa oposição. Aumentar o Bolsa Família?? Vão plantar batata!!!

Terráqueo disse...

Acho lamentável a política externa brasileira, sobretudo em apoiar um país que faz ameaças e comentários genocidas. Todavia, acho que esse argumento não fica bem na boca dos Estados Unidos que foi o único país que até hoje praticou o genocídio nuclear e que nunca veio ao mundo pedir desculpas por isso. Jamais vi um americano reconhecer a monstruosidade do ato, o absurdo do genocídio japonês, tão horrível e execrável quanto o holocausto judeu.