O dissidente cubano Guillermo Fariñas em greve de fome, Lula acha que o Brasil deve respeitar as instituições cubanas. Ele que vá catar coquinhos.
Esta semana um motorista em São Paulo andou mais de 20 Km na contramão de uma rodovia de pista dupla. Bateu de frente num carro e matou um casal, deixando os filhos órfãos. O imbecil do motorista nada sofreu e disse em seu depoimento: quem estava certo era eu, todos os outros andavam na contramão.
As declarações das autoridades brasileiras, nas últimas semanas, são muito parecidas com a desse motorista que continua achando que circulava na pista certa.
Em entrevista à Associated Press o nosso pop presidente lançou uma pérola de declaração:
"Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos de deter as pessoas em função da legislação de Cuba. A greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade."
Sabe qual o problema do Lula? Ele nivela os brasileiros pelo padrão da mediocridade. Ele faz comparações simplórias como essa de comparar o que é incomparável e assim agindo ele está defendendo sim a ditadura imposta pela dinastia Castro. Afinal, senhor presidente, que Justiça, que governo e que legislação deve o Brasil respeitar ? A Justiça, a legislação e os Juízes escolhidos pela dinastia do partido único?
Será, também, que o nosso pop presidente com as declarações dos irmãos Castro de que, na verdade, esses presos estão a serviço dos EUA para desestabilizar esse regime que deve ser tão respeitado?
Enquanto isso, em Cuba, o jornalista Guillermo Fariñas completou 15 dias de greve de fome para reinvindicar a libertação de outros 26 presos de consciência doentes.
E o Luiz Inácio vem com mais uma, segundo a Folha de hoje:
"Gostaria que não ocorressem [detenções de presos políticos], mas não posso questionar as razões pelas quais Cuba os deteve, como tampouco quero que Cuba questione as razões pelas quais há pessoas presas no Brasil", disse o mandatário brasileiro, lembrando que ele mesmo fez jejum nos anos 1980, durante a ditadura militar brasileira, e classificando a prática de "insanidade".
A posição brasileira contrasta com a francesa -ontem, a Chancelaria da França se disse "cada vez mais preocupada com o estado de saúde de Fariñas, muito debilitado por sua greve de fome" e fez um "chamado solene" ao regime castrista pela libertação dos presos políticos, que pede que ocorra em caráter de "urgência".
3 comentários:
O problema todo é que os brasileiros são, de regra, mediocres, e acabam endeusando o presidente quando ele fala essas asneiras.
Se bem que ele tem sido coerente com a lógica petista:
- Prisão política no mundo livre é um absurdo, mas em Cuba é prisão comum;
- Exilado político no mundo todo dve ser tratado com espeito e receber asilo, mas se vier de Cuba para o Brasil, deve ser deportado, violou as regras da familia Castro.
Lula perdeu outra boa oportunidade de ficar calado.
Aliás deveria também "dar um tempo" e não falar ( e visitar ) Cuba.
O presidente Lula deve se sentir lisonjeado com o poder quase divino que a direita insiste em lhe atribuir. Agora resolveram que ele deve libertar todos os presos políticos de Cuba. Ainda repercute o suicídio (greve de fome) de Orlando Zapata, preso comum, marginal reincidente que iniciou sua extensa ficha criminosa em 1988. Como era de se esperar de um chefe de Estado, questionado sobre o tema, Lula solicitou respeito às determinações da Justiça cubana sobre detenção de dissidentes que estão em greve de fome: ?Temos que respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano, como quero que respeitem o Brasil?, afirmou Lula em uma entrevista à AP, publicada ontem no Estadão.
Em nenhum país do planeta é permitido descumprir as leis vigentes. Nos EUA, se algum cidadão receber dinheiro para colaborar com um país considerado inimigo, será imediatamente preso e confinado em prisões do tipo Guantánamo, que fica, curiosamente, na ilha de Cuba. Lula recordou que, em seu tempo de líder sindical de oposição à ditadura militar, que governou o Brasil de 1964 a 1985, fez greves de fome, e qualificou a prática como uma insanidade. ?Gostaria que não ocorressem (detenções de presos políticos), mas não posso questionar as razões pelas quais Cuba os prendeu, como tão pouco quero que Cuba questione as razões pelas quais há pessoas presas no Brasil?, acrescentou o líder.
Orlando Zapata iniciou sua greve de fome em 18 de dezembro, exigindo, entre outras coisas, ter televisão, fogão, geladeira e telefone na cela. Orlando foi julgado e condenado pelos delitos de violação de domicílio (1993); assalto a mão armada; por ?lesões menos graves? (2000); calote (2000); lesões com posse de arma branca; em 2000, provocou feridas e fratura no crânio de Leonardo Simón usando um facão; brigas de rua que causaram ?desordem pública? (2002), entre outras ações delinquentes sem nenhuma ligação com a política. Saiu em liberdade condicional no mês de março de 2003, e dez dias depois já cometeu um novo delito e voltou para a cadeia.
Tendo em conta os seus antecedentes e condição penal, desta vez foi condenado a três anos de prisão, mas, nos anos seguintes, a sentença inicial foi se ampliando de forma considerável, por causa de sua conduta agressiva na prisão, segundo o jornalista Enrique Ubieta González, em matéria no jornal cubano Granma. Considerando o cerco midiático contra o regime ditatorial cubano, foi fácil transformar um marginal reincidente num mártir dissidente.
Talvez nosso presidente devesse solicitar a Raúl Castro a libertação de todos os presos contrários ao regime cubano, aproveitando para solicitar a Barack Obama a mesma atitude para todos os cidadãos que estão presos acusados de espionagem contra a democracia e as leis americanas por terem sido flagrados colaborando com países considerados inimigos. Cabe relembrar que muitos presos em Guantánamo estão detidos há anos sem qualquer denúncia formal, segundo notícias divulgadas durante o escândalo de Abu Ghraib.
Por derradeiro, em Cuba não existe hipocrisia, o regime se autoproclama ditadura, e possui suas próprias leis de segurança nacional, como qualquer país no planeta. Portanto, quem entra em greve de fome, atitude que, segundo o presidente Lula, ?é uma insanidade?, deve estar ciente de que corre risco de vida por autodeterminação, em Cuba ou nos EUA. Estou apresentando o lado cubano da história de um preso comum transformado em herói pela mídia anticubana. Inaceitável é conviver com um peso e duas medidas.
Postar um comentário