Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 17 de março de 2010

Crítica Seletiva


Um dos bons discos de Pablo Milanés. Juro que no dia  em que Fidel morrer vou ouvir ele inteiro.


O que os Revolucionários Fizeram com a Revolução?

Leio na Folha de hoje:

Em entrevista ao jornal espanhol "El Mundo", o cubano Pablo Milanés, que mora na Espanha mas não rompeu com o regime, embora seja cada vez mais crítico, disse: "As ideias se discutem e se combatem, não são encarceradas. O que os revolucionários fizeram com a revolução?"

 Pablo Milanés não rompeu com o regime cubano, mas é crítico. Vive uma boa vida na Espanha onde respira a liberdade civil e econômica em condições de vender bem seus discos para a humanidade. Milanés  já é um belo caminho a ser seguido. O pop presidente brasileiro esteve faz pouco na ilha da dinastia Castro e não fez nenhuma crítica ao governo. Na viagem a  Israel -- com certa razão -- o "cara" fez críticas ao muro que está sendo construído e aos assentamentos judaícos que estão sendo feitos na parte oriental de Jerusalém.

Certas críticas podem ser feitas e outras não. Assim é a atual política externa brasileira, recheada de pesos e medidas.

7 comentários:

PoPa disse...

Bem no finzinho da entrevista, ele entrega que é possível uma Cuba livre com os Castro.Yoani diz que é para manter a porta aberta para entrar e sair de Cuba por enquanto...

Ontem à noite, estava escutando "Yolanda" ao vivo. O que estragava era um violino elétrico.

PoPa disse...

gravação ao vivo, claro!

Carlos Arruda disse...

Parece que os veículos da grande imprensa, alinhados à candidatura de José Serra – a Folha tem mostrado também alguma simpatia por Marina Silva – largaram, pelo menos por enquanto, a crítica sobre as políticas internas do governo Lula. Perceberam que não há como colocar frente a frente, de forma favorável a Serra, o que os governos de Lula e Fernando Henrique Cardoso fizeram para as grandes camadas da população. Desse modo, a frente de batalha migrou. O alvo agora é a política externa.

Começou lá no ano passado com a não extradição do militante de esquerda italiano Cesare Battisti, o golpe contra Manuel Zelaya, em Honduras, e a visita do presidente do Irã ao Brasil. Fortes críticas a Lula nos dois casos, primeiro por não extraditar Battisti, depois por abrigar o presidente hondurenho na embaixada brasileira.

Neste ano, calhou de Lula estar em Cuba quando o preso político Orlando Zapata morreu, após fazer greve de fome em uma prisão cubana. Mais uma chuva de críticas, segundo as quais o presidente brasileiro deveria agir quanto aos direitos humanos em Cuba. Agora, Lula recebeu críticas da grande imprensa brasileira por, em Israel, receber críticas sobre sua postura com relação a Palestina. Esses são apenas alguns exemplos. Bolívia e o gás natural, Hugo Chávez, Paraguai e Itaipu…

Vamos por partes: “Caso Honduras” x “caso Irã”. No primeiro, a reclamação foi pela intervenção em questões internas. No segundo, a reclamação foi pela não-intervenção em questões internas. “Caso Cesare Battisti” x “caso Orlando Zapata”: mesma contradição. Lula criticado por intervir no primeiro e por não intervir no segundo. Por fim, não é um tanto óbvio que em Israel Lula seria pressionado para posicionar-se contra a Palestina?

Há duas questões aí. Em primeiro lugar, a política externa do governo Lula, em especial nos últimos anos, tem assumido dois tipos de posicionamento, e nenhum deles agrada à ditadura do pensamento único defendida a unhas e letras pelo grande empresariado da mídia: negociações com governos não-alinhados aos Estados Unidos; e a não-busca por acordos que façam do Brasil um país hegemônico economicamente, favorecendo acordos que favoreçam o crescimento de todos os países envolvidos. Para os donos dos conglomerados de comunicação, o Brasil deve disputar palmo a palmo, dólar a dólar e euro a euro com os países mais pobres, e submeter-se à política dos mais ricos.

Mas dizia eu que há duas questões. A segunda é exatamente a abordada no começo deste post: a eleição de outubro. Sem poder rivalizar com Lula (e, consequentemente, com Dilma) no âmbito nacional, a grande mídia tenta colocar na cabeça das pessoas que o governo brasileiro é odiado lá fora. Espero que tenha ficado claro que não estou defendendo ou criticando a política externa de Lula. Apenas pretendo deixar claro que parte de nossa imprensa ataca em conjunto e com os mesmos argumentos, se contradiz e, principalmente, não faz nada disso de graça.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Arruda, a grande mídia faz o seu necessário papel. Ela é fundamental para o Brasil de hoje. E por isso -- as vozes que simpatizam com o totalitarismo -- começam a falar e esboçar projetos do tipo: controle social da mídia. Acho sim que o grande trunfo de José Serra vai ser o de criticar, criticar e criticar a desastrada política externa do governo Lula. O problema, Arruda, é que grande parte do povo brasileiro parece não estar interessado neste tipo de assunto.

guimas disse...

Parabéns ao Carlos Arruda, por seu comentário lúcido. Apesar de ser óbvio que hoje o único valor defendido pela mídia é o valor de oposição, mesmo que incoerente (e muitas vezes burra, muito burra), tem gente que ainda acha que falar mal, mesmo sem fazer nexo, é a melhor saída. Paciência.

"O problema, Arruda, é que grande parte do povo brasileiro parece não estar interessado neste tipo de assunto."

Vejamos: a economia vai bem; a maioria da população melhorou de vida (falando de nível social econômico); quem não melhorou muito, também não piorou (classe média remediada e classe rica); há investimentos (ainda insuficientes, mas crescentes) em diversas áreas básicas; a crise econômica mundial de 2008, ao contrário das anteriores, afetou o Brasil de maneira atenuada - a famosa marolinha se cumpriu, para loucura da oposição.

Aí, com este cenário interno, de repente o que mais importa é a opinião de Lula e do Itamaraty sobre direitos humanos em Cuba, sobre o regime iraniano, sobre os destemperos de Hugo Chavez.

E o pior é que com esse discurso a oposição acha que vai a algum lugar. É dose. Se o grande trunfo de Serra vai ser criticar a política externa de Lula, Dilma já está com a mão na taça. É só correr pro abraço.

Se a oposição ao governo Lula quer construir um governo melhor, que largue do nhém-nhém-nhém e comece a falar como adulto, e para adultos.

TARDE disse...

Outro dia vi, Marco Aurélio, Lula e a eminência parda do Itamaraty, juntos em uma foto. Pareciam Mo, Larry e Jo...

Pablo Vilarnovo disse...

A vontade dessas pessoas em quererm calar a mídia é impressionante...

Carlos Arruda, quantos sofismas...

"Vamos por partes: “Caso Honduras” x “caso Irã”. No primeiro, a reclamação foi pela intervenção em questões internas. No segundo, a reclamação foi pela não-intervenção em questões internas. “Caso Cesare Battisti” x “caso Orlando Zapata”: mesma contradição. Lula criticado por intervir no primeiro e por não intervir no segundo. Por fim, não é um tanto óbvio que em Israel Lula seria pressionado para posicionar-se contra a Palestina?"

Se há contradição essa vem do Sr. Lula e sua relatividade moral, onde é aceitável se meter em um caso interno (Irã e Honduras) e não em outros (Cuba).

Basta ter meio neurônio e alguma simpatia por democracia para ver isso.