Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 3 de março de 2010

Desabafo de Um Liberal



Não sou liberal, estou mais para a social democracia. Felizmente ou infelizmente tenho esse ranço, mas concordo com o presidente do instituto liberdade no Rio Grande do Sul, Sérgio Lewin que escreveu artigo na ZH de hoje que começa com uma frase interessante que o The Economist divulgou: Liberais no Brasil são tão raros quanto flocos de neve. Uma coisa parece certa: o regime militar -- que não foi um regime liberal, mas estatizante, acabou com o bom debate político.

Ameaça renovada

*“Liberais no Brasil são tão raros quanto flocos de neve.”
The Economist

A revista The Economist, em recente matéria intitulada “A causa quase perdida da liberdade”, procura analisar as razões pelas quais as ideias liberais são tão ausentes no debate político brasileiro. Observa que, nos tempos da ditadura, o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, era líder sindical; seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, acadêmico marxista; José Serra e Dilma Rousseff, atuais aspirantes à presidência, militantes de esquerda que acabaram exilados. Ou seja, os políticos de maior projeção nacional forjaram sua trajetória no combate ao regime militar, criando, desde então, uma espécie de maniqueísmo que coloca de um lado os “direitistas” e de outro, os políticos de esquerda, defensores da democracia e da igualdade social.
Além de falsa, tal dicotomia acabou impedindo o surgimento de uma classe política moderna e não refém da direita tradicional ou da velha escola socialista. E uma ojeriza a qualquer ideia de inspiração liberal. E nem mesmo as bem-sucedidas medidas que foram implementadas no país, como a Lei de Responsabilidade Fiscal e a estabilização da moeda – que promoveu a maior redistribuição de renda da história do país –, serviram para amenizar este preconceito.
O governo atual se ufana de ter superado a crise internacional, sem reconhecer que tal feito só foi possível graças às políticas liberalizantes que, apesar da sua enorme oposição, foram adotadas anteriormente. E, ironicamente, ao atendimento das recomendações do FMI, como o ajuste fiscal e o enxugamento da máquina pública. O maior problema é que a falta de uma cultura liberal mínima torna o país vulnerável às recaídas intervencionistas e estatizantes na área econômica, como parece ocorrer agora. Sendo evidente que o intervencionismo na economia é apenas a antessala da intervenção em outras áreas, como bem demonstra o recentemente lançado Plano dos Direitos Humanos.
A ausência de um espectro político-ideológico mais equilibrado impossibilita a construção de um debate de mínima densidade e profundidade, o que representa hoje a maior ameaça à posição privilegiada que o Brasil conquistou nos últimos anos e um risco de retrocesso econômico e institucional inaceitável. Tornando muito difícil ou quase perdida a causa da liberdade no Brasil.

4 comentários:

Fábio Mayer disse...

O DEM se diz liberal, mas não é.

Basicamente é um partido que depende do Estado para existir e está se desfazendo justamente porque não controla nenhum estado e está perdendo a cidade de São Paulo, que ganhou por acaso, na renuncia de José Serra em favor de Kassab.

No Brasil não existem liberais. Aquele antigo Partido Liberal mudou até de sigla para alinhar-se com Lula e não sobrou absolutamente ninguém que tenha ideário que fuja do estatismo e da longa manus do Estado, presente em tudo e em todos.

Só existem três correntes políticas no Brasil:

a) A social-democrata, que engloba as partes boas do PT, do PSDB, do PMDB, do DEM e de todos os demais particos;

b) A comunista, que envolve os radicais do PSTU e do PSOL, que pregam a ditadura do proletariado e as bobagens bolivarianas;

c) A populista, que envolve as partes ruins dos partidões, e que prega a adoção de medidas da moda, que agradem o povão, independentemente de seu viés esquerdista pu direitosta, desde que isso os mantenha sempre no poder.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Boa análise, Fábio, infelizmente o atual governo que poderia muito bem militar pela alínea a) da social democracia -- essa palavra que 90% dos petistas torce o nariz -- prefere se alinhar ao lixo populista da alínea c)

PoPa disse...

Eu sou um liberal, embora isso não mude absolutamente nada no espectro brasileiro.

Social democracia? O que é isso, afinal? Democracia é democracia e ponto final. Se tem que ter um apêndice antes ou depois, não é democracia...

Abra$$o disse...

Que volte a UDN então. Aquilo sim era liberalismo. AHAHAHA