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sexta-feira, 5 de março de 2010

Lula Não Vai a Posse de Piñera - Ele não é "Companheiro"


Peixe fresco que pesquei agora no Terra: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desistiu de participar da cerimônia de posse do presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, prevista para 11 de março no porto de Valparaíso (Chile), disseram nesta sexta-feira fontes da Presidência da República.

Sim, sim, claro, Piñera não é Pepe Mujica, não é Evo Morales, não é Fernando Lugo...

6 comentários:

Neto disse...

E dizendo mais: o "efeito Chile" ainda assombra os petistas rs

Adri Severo disse...

De palavras estrategicamente escolhidas no meio de matérias até mentiras deslavadas, os jornalões, as redes de televisão, revistas semanais, todos estão se articulando há tempos para frustrar as expectativas petistas de fazer um sucessor de Lula no Planalto. A mais recente das estratégias chega a chocar, de tão grave. Fica aquela sensação de a que ponto chegamos, de onde isso vai parar. Inventar uma suposta licença de Lula do cargo para ajudar na campanha de Dilma é baixo, é vil. Quem fez isso foi o jornalista Ilimar Franco, em sua coluna no jornal O Globo. A história já foi enfaticamente desmentida por Lula.

Ilimar afirmou que Lula deixaria o cargo vago em agosto e setembro. Seu motivo principal seria a impossibilidade de Dilma de circular com o presidente em atos do governo, diminuindo a vinculação de seu nome a Lula, cuja popularidade é muito alta e de grande potencial de transferência de votos. O problema é que José Alencar deve ser candidato, e o seguinte na linha sucessória, Michel Temer, também. O cargo sobraria, pois, para José Sarney. Até o cachorro sarnento da esquina sabe que a imagem do presidente do Senado está rastejando pelos chãos de Brasília, e que até a burguesia já reclama de sua atuação corrupta. Afinal, ele foi o alvo principal de uma campanha impetrada pela mídia que visava toda a classe política, atribuindo a ela uma imagem de corrupção, ineficiência e malandragem.

Sendo assim, a suposta licença que Ilimar inventou faria com que a população (os eleitores) pensassem que Lula não estava nem aí pra ela, preferindo investir na candidatura do que no Brasil, ao deixar o cargo para uma pessoa imoral. Ilimar mentiu. Não foi nem uma barriga jornalística, foi mentira deslavada. Não há termo mais justo para o que aconteceu. O Globo sustentou a mentira, assim como sustenta jornalistas do porte de Miriam Leitão, Merval Pereira e tantos outros golpistas.

Um dia antes, o Jornal da Globo tentara convencer seus espectadores de que a banda larga era cara no Brasil por culpa de Lula e sua política estatizante. Para William Waack e companhia, não vale lembrar que a privatização sem planejamento da Telebrás veio junto com a carta-branca para reajustar as tarifas e demitir pessoal. Além de ter ficado muito mais cara, a telefonia lidera as queixas do consumidor. Mas isso não foi apresentado no JG.

Assusta avaliar a reunião promovida pelo Instituto Millenium para a grande imprensa (e só a grande). Os discursos reacionários e liberais indicam uma tendência muito grave de impedir a posse de Dilma. Espero estar enganada, mas precisamos ficar de olho no que esses urubus estão aprontando. De olho e preparados para uma grande mobilização contra um possível ataque à democracia (que já acontece através de subterfúgios, como o monopólio dos meios de comunicação, o discurso único). Dessa vez, promete ser cada vez mais direto e incisivo

Adriane Severo disse...

Confesso que utilizava o termo PIG, criado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, mais como uma facilidade, uma forma simples e direta de dizer que eu não concordava com o jornalismo que é feito por aí. Não achava que a grande mídia fosse efetivamente golpista, quanto mais que existisse um informal Partido da Imprensa Golpista (PHA assim o explica: “Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista”).

Pois agora já acho que ele tem uma boa dose de razão. Os últimos acontecimentos reforçaram a impressão de que a imprensa quer, sim, dar um golpe na candidatura Dilma. E não está medindo esforços.

charlie foxtrot disse...

O Chile é uma assombração na América Latina.

PoPa disse...

É verdade! A Veja, desta semana, inventou que o tesoureiro da campanha de Dilma, escolhido pelo próprio da Silva, é contumaz ladrão, desde os tempos em que era presidente e diretor financeiro de uma cooperativa que repassou uma grana preta para a campanha de da Silva em 2002. Impressionante como esta gente inventa coisa!

Marco Antônio Caldera disse...

Depois do fracasso no Chile, liberais atacam "estado mínimo"

por Luiz Carlos Azenha

Santiago -- O retumbante fracasso do governo Bachelet na resposta ao terremoto da semana passada levou a uma situação curiosa, no Chile: os liberais agora atacam o estado mínimo, do qual o país sempre foi um exemplo cantado em prosa e verso.

Quanto ao fracasso, foi espetacular e, para mim, revelador.

Espetacular porque houve um completo fracasso nas comunicações intragovernamentais do país. Houve um estrondoso bate-cabeças que mediu 8.5 na escala Richter. Ficou claro que a fiscalização das obras é ineficaz, pelo grande número de prédios novos que veio abaixo. Os acréscimos não previstos na legislação da construção civil cairam em toda parte: tetos de gesso, passarelas e outros penduricalhos. Sem falar no completo despreparo para dar à população o mínimo atendimento que se requer em situações de emergência. A patética tentativa da presidente Bachelet de jogar a culpa nos vândalos me fez lembrar de José Serra e Gilberto Kassab nas enchentes paulistanas: a culpa é da população e do "dilúvio" propagandeado nas inserções televisivas do DEM.

Revelador porque, depois de passar uma semana no Chile, em contato com a população, me surpreendi com a crítica generalizada à mídia, que é acusada de mentir e de esconder a verdade sempre que interessa aos poderosos. Quando a mídia daqui propagandeava as ações do governo, boa parte do país ainda estava sem água, sem energia e sem comida. Algum marqueteiro esperto logo inventou uma campanha nacionalista e oportunista, destinada a, como sempre, mudar de assunto e evitar a responsabilização de governantes incompetentes e falastrões.

Aqui pouco se falou, por exemplo, no fato de que o toque de recolher em várias regiões foi, como sempre, uma forma de conter os pobres. O mesmo estado que não conseguiu levar água e comida despachou milhares de soldados para reprimir saques que não teriam acontecido se o mesmo estado tivesse conseguido levar água e comida antes que os soldados.

Lembram-se dos invisíveis cuja existência foi revelada pelo Katrina em New Orleans? Desta vez, foram os invisíveis chilenos que mostraram o rosto.

Ninguém pode acusar o jornal Mercurio de ser socialista. Trata-se, afinal, do mesmo jornal que recebeu dinheiro da CIA para promover uma campanha de propaganda contra Salvador Allende. Curiosamente, no entanto, coube ao jornal o papel de sintetizar o que ouvi de muitos chilenos e que, com raríssimas exceções, está ausente do discurso midiático aqui: o estado chileno fracassou de forma completa e retumbante. E com requintes de crueldade, já que anunciou oficialmente que não havia risco de tsunami na costa do país alguns minutos DEPOIS da primeira de três grandes ondas ter atingido a costa.

"Estes fatos deixaram inocultavelmente a nu as enormes deficiências de nosso Estado, muitas vezes escondidas por indicadores internacionais muito imperfeitos que o avaliam satisfatoriamente", escreveu o jornal em editorial.

A vitrine em que o Chile era a jóia dos neoliberais rachou, embora eu duvide que eles pretendam fazer mea culpa aumentando a capacitação, a formação e os salários do funcionalismo e os gastos públicos com políticas sociais e infraestrutura para os que hoje saqueiam. Aí já seria "estado demais".