Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 13 de abril de 2010

Book ou IPAD?



Não sou avesso às novas tecnologias, mas no caso dos livros é diferente. Existe uma paixão, um ato de amor, uma cumplicidade entre livro e leitor. Existirá essa paixão, esse amor, essa cumplicidade com o IPAD? É sempre bom sentir, com o nosso tato, as folhas do livro deslizarem sobre as outras folhas e ouvir o barulhinho do tchek. No IPAD tem o barulhinho do tchek? Claro, os inventores inventam tudo e talvez existam diversas opções de barulho, é só você escolher. Mas ainda assim prefiro o Book.


Outro dia estava no aeroporto do Riiio esperando o avião para Porto Alegre, na parte internacional ( o vôo seguiria para Córdoba, Argentina) e ao meu lado estava um americano lendo algo que não pude identificar numa espécie de IPAD. Ele estava tão hipnotizado naquela geringonça que juro me causou inveja. Ele simplesmente não tirava os olhos daquele minúsculo aparelho do tamanho de um livro e quando chamaram o meu vôo ele perguntou: é esse o avião que vai para Miami?

Nunca toquei num IPAD, nunca li um livro inteiro no computador, nunca tive saco para isso, talvez, no futuro, eu mude de opinião. Detesto este meu lado conservador, porque gosto mesmo é de ser inovador e revolucionário, mas se tivesse de escolher um livro do Márai para ler no IPAD ou no Book eu preferiria o último.

O que posso fazer se sou assim?
 
* Inspirado no Post Um novo produto - superior ao Kindle e ao IPad: Book do Pensador Selvagem.

O mesmo assunto inspirou a Bípede Falante no post que ela enviou para o Mínimo Ajuste e que me inspirou -- hoje o dia é de inspiração -- a escrever uma pequena crônica:

A Biblioteca do Fulano

O fulano adorava colecionar CD´s, livros, DVD´s. Essa era sua vida. As estantes antigas do inventário de sua avó, de madeira decorada, estavam repletas de áudios e vídeos de grupos de rock, mpb, eruditos, jazz e de livros de Camus, de Sartre, de Marcuse, de Delleuze, de Guatari, de Borges, de Pessoa, de Machado e de Espanca. Até que chegou o dia em que o fulano resolveu não mais comprar CD´s, nem DVD´s, nem livros, nem nada. Ele simplesmente "baixava". E hoje a biblioteca está velha, desatualizada, não foi mais renovada e passou a ser apenas uma peça de "decoração". A decoradora disse que a velha estante não combina com os novos sofás brancos e o aspecto "clean" do novo projeto. Hoje o fulano carrega no pequeno bolso da camisa toda a sua biblioteca com condições de utilizar em qualquer lugar, inclusive no carro, na praia, na montanha e no banheiro.

2 comentários:

PoPa disse...

Estas coisas são realmente esquisitas. Acabam conquistando mais pelo apelo do moderno que pela praticidade propriamente dita. Afinal, quem anda com 800 livros para ler? Mas o IPad é diferente do Kindle. Este é feito com papel eletrônico, fosco, não tem luz própria. É quase igual ao papel do livro e gasta uma miséria de energia e apenas quando vira a folha. Já o IPad é algo muito mais tecnológico, o que não quer dizer muito mais prático...

Estas coisas vão se popularizar e vamos ter um epaper flexível como um papel "de verdade", sem botões e outras geringonças. Aliás, este parece ser um dos problemas do IPad. Ele tem funções demais. O Kindle é só para ler livros. Não tem joguinhos...

Estrela do Mar disse...

Olhe, para mim não é tanto o som, mas muito mais o toque e o cheiro. Um dos meus livros preferidos é um livro de poesia de 1970. É daquele papel velho e amarelecido pelo tempo e por todos os muitos olhos e mãos que já o percorreram. Cheira a todas as casas por onde passou, a todos os tempos a que sobreviveu. Guardo-o com muito carinho. Tem uma dedicatórias da autora ao seu primeiro dono, e uma dedicatória de cada dono ao destinatário seguinte. Um dia quero passá-lo também (quando puder suportar a ideia de não o ter!). Acho que parte do desígnio maior de um livro é viajar pelo tempo, passando de mão em mão, deixando uma qualquer riqueza por dentro de várias cabeças e vários corações, que fica marcada para sempre no próprio papel. Gosto de gadgets, na verdade, mas nestas coisas, não troco mesmo...