Foto de Izan Patterle de 16.12.88, um funcionário público barbeiro em Remédios, Cuba.
Hilário ou Bizarro?
A gente encontra cada uma na Blogosfera. No Blog Liberal, Libertário, Libertino a preocupação do blogueiro com a possível privatização das barbearias em Cuba. O cabra está muito preocupado, porque esses barbeiros privados nunca venderam sua força de trabalho, pois acostumados a receberem um salário de servidor público contadinho no fim do mês dado pelo estado socialista. Será que esses tadinhos conseguirão sobreviver às vicissitudes e o mau humor do mercado? Será que eles vão falir?
Leiam, por favor leiam que é verdade.
Barbearias Cubanas Privatizadas
Cuba está passando por uma onda de privatizações.
A propriedade privada dos meios de produção, proibida desde 1969, está voltando. Hoje, cubanos já podem vender sua força de trabalho dos seguintes modos: fazer seu carro de lotada; alugar quartos para estrangeiros; transformar sua sala de estar em um pequeno restaurante.
O setor de serviços ainda é um monopólio estatal. Um cubano não pode, por exemplo, vender sua força de trabalho como encanador, empregado doméstico, carpinteiro, etc.
Enfim, na nova etapa da abertura que vem sendo realizada pelo presidente Raul Castro, o governo acabou de privatizar grande parte das barbearias e cabelereiros do país. Antes, todos esses estabelecimentos pertenciam ao governo, que pagavam salário aos funcionários. Agora, os estabelecimentos serão dados aos funcionários, que em troca terão que pagar aluguel e impostos - não imposto de renda, mas um imposto adicional para o negócio poder funcionar.
Parece tudo muito lindo e livre e coisa e tal, mas fico pensando. Quantos desses salões e barbearias eram de fato rentáveis em uma economia estagnada como a cubana?
O governo, na prática, está deixando de ter uma saída (os salários dos funcionários) em troca de duas novas entradas (o aluguel e os impostos) e, ao mesmo tempo, repassando o risco totalmente para os cidadãos.
O funcionário, por outro lado, que está há 50 anos protegido e insulado das realidades do mercado, qe não deve ter um único osso capitalista no corpo, completamente acostumado ao salário certo todo mês, acabou de ser jogado nas incertezas do mercado: se a barbearia não arrecadar o suficiente para pagar o aluguel e os impostos, ele vai viver do quê? Existe plano pra isso? Os funcionários estão preparados para essa mudança? Foram treinados e educados em como gerir um negócio por conta própria?
Prevejo, para breve, muitas falências de barbearias em Cuba.
(Aliás, imagino, o cubano médio, apesar de tão bem escolarizado, é capaz de nem saber o que é uma falência. Nunca viu. Nunca experimentou. Em breve, aprenderão.)
* * *
4 comentários:
Que tristeza...
Acabou o socialismo cubano, aquele cantado em prosa e verso pelo esquerdofrênicos brasileiros?
O mais engraçado é que o blogueiro diz que os cubanos PODEM vender sua força de trabalho naqueles modos que caracterizou.
Ele não faz ideia de que NÃO podem. O governo apenas TOLERA isso pois sabe que não tem condições nenhuma de alimentar o povo através da ração que lhes é destinada. Fecha os olhos para não causar mais problemas.
Tocou no ponto certo, Pablo.]
Fábio e Charles, o problema da Dilma é exatamente esse: a esquerdofrenia.
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