Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 27 de abril de 2010

Portugal Contagiado pela Crise Grega

Dia complicado para o primeiro-ministro português José Socrates


O "Dowgrade" Português

A Standard & Pour baixou o rating de Portugal de de ‘A+' para ‘A-'.  É a pior classificação do país desde 1992, na época da moeda escudo.


Segundo o site português, SAPO, "O ‘downgrade' de dois níveis reflecte o nosso entendimento de que Portugal enfrenta riscos orçamentais acrescidos", justifica Kai Stukenbrock, da S&P, uma das mais poderosas agências de notação financeira. A nova classificação da dívida portuguesa, de ‘A-' significa que Portugal é tido como segundo país mais arriscado pela zona euro, deixando de estar ao mesmo nível de Chipre, Itália e Eslováquia. Pior que Portugal só a Grécia, que tem um ‘rating' de ‘BBB+'

Por conta disso, essa crise (será mesmo que está havendo crise?) afetou a bolsa no  Brasil,  o índice Bovespa caiu 2, 41 % e o dólar subiu.

Por que Portugal está hoje no centro do furacão, pergunta o analista Pedro Latoeiro, no SAPO: ?

Primeiro, porque foi contagiado pelo que acontece na Grécia. Esse rebaixamento, esse "dowgrade", vai fazer com que o estado vai pagar mais caro para se financiar e os juros bancários serão mais elevados.

Segundo, porque Portugal teria partilhado, nos últimos três anos, três traços complicados para o mercado:  indisciplina orçamental, fraco crescimento económico e instabilidade política.

Estive em Portugal em novembro de 2009 e fiquei impressionado com o progresso daquele país. Não vi miséria, não vi pobreza, percorri boas estradas, visitei cidades pequenas e grandes  e constatei que o povo português respira boa qualidade de vida. Não vi por lá nenhuma instabilidade política.

Dizem que o primeiro-ministro José  Sócrates não consegue enxergar a crise. Mas será que ela existe mesmo? Ou é invenção de alguns agentes de mercado?

Do Sapo abaixo.




Portugal regressou, nos últimos dias, ao topo das preocupações dos investidores e, mais uma vez, pelos piores motivos. A primeira vaga de receios veio por contágio do que se passa em Atenas, mas agora, ao que parece, o mercado vê em Portugal um problema por si só.



Daí que o risco atribuído à dívida pública portuguesa nunca foi tão elevado. Isto significa que o Estado vai pagar mais caro para se financiar e que os bancos vão também cobrar juros mais elevados quando as empresas precisarem de investir, ou quando o cidadão comum precisar de um empréstimo para comprar casa. E quando as empresas não investem e as famílias não consomem, a economia não cresce e o desemprego aumenta.
E algo está muito errado quando, à luz do mercado, Chile, Colômbia e Tailândia parecem a última Coca-Cola do deserto se a alternativa for investir em Portugal.
E se nos corredores do poder em Lisboa e em Bruxelas se fala em "especulação infundamentada", lá por fora vai ganhando adeptos o leque de economistas que aponta Portugal como o próximo problema a resolver no euro.
Neste grupo, onde se destacam Noriel Roubini e Simon Johson, lembra-se quase sempre a História económica para argumentar que Lisboa e Atenas não são assim tão diferentes, partilhando ao longo dos últimos anos três traços muito pouco admirados pelo mercado: indisciplina orçamental, fraco crescimento económico e instabilidade política.
O mercado, como sempre, ouve tudo sem nunca se pronunciar com palavras. Mas a resposta está à vista de todos: Portugal é hoje um dos 10 países mais arriscados do mundo quando o que está em cima da mesa é investir em dívida pública. Mais evidente que isso: o PSI 20, índice que reúne as principais cotadas portuguesas, caiu hoje mais de 5%, o reflexo de uma fuga apressada de investidores para fora de Lisboa que se intensificou esta semana.
Foi neste clima que, piorando ainda mais as coisas, a S&P cortou hoje o ‘rating' português, ao mesmo tempo que baixou a notação da dívida grega para ‘junk bond'. Tão preocupante quanto isso foi a garantia de que, com as medidas previstas no PEC, Portugal não atingirá os seus objectivos e que, se isso se confirmar, a S&P fará um novo ‘downgrade'.
Na primeira reacção ao caos, o ministro das Finanças português, numa visita de trabalho em Angola, frisou ser imperativo que Governo e Oposição se entendam e garantiu que o Executivo tomará todas as medidas necessárias para emagrecer o défice de 9,4% do PIB registado em 2009. Isto pode significar que vêm aí medidas (ainda mais) agressivas

5 comentários:

Anônimo disse...

Conheces aquelas casas pintadas de fresco por fora e por dentro é só rachas na parede a afectarem a estabilidade da construção? É mais ou menos isso...

Fábio Mayer disse...

É sabido que Grécia, Portugal, Espanha e Itália, mais os países da ex-cortina de ferro são todos problemáticos em suas contas públicas, seus números não são tão sólidos quanto os da Alemanha e da França, por exemplo, o que causa preocupação em todo o continente.

A Grécia está no olho do furacão porque o populismo de seus governos não proporciona alcançar as metas econômicas e gera mais gastos, um grego se aposenta 5 anos antes de um alemão, e se duvidar, dentro da UE, a Alemanha paga essa conta.

E como contas públicas são facilmente maquiáveis, dependem muito da interpretação que se dá à elas, pode ser que exista uma máscara contábil em alguns países, que só agora está caindo. Eventualmente, pode ser que existam acúmulos de déficit ou endividamento que ponham efetivamente em risco o sistema.

Neto disse...

A Grécia conseguiu uma nova rodada de dinheiro do FMI e parece que não foi suficiente. A coisa tá mesmo preta por lá.

Portugal, como toda a zona do euro, sofre as consequencias. Será que haverá alguem com coragem que vai botar a conta nos EUA?

Pulha Garcia disse...

Sócrates é um mentiroso e um incompetente. Sob a bandeira de "ser de esquerda" enganou facilmente a populaça ignorante que rapidamente acreditou nas suas balelas. O mais triste é que algumas das suas medidas roçam a direita mais conservadora, senão mesmo totalitária.

Os números das contas públicas há muitos anos que têm vindo a ser "camuflados" mas, tal como aconteceu na Grécia, há um limite para a mentira. E esse limite aparece quando deixa de haver dinheiro para pagar as dívidas públicas. Neste momento em boa verdade Portugal não está na bancarrota mas ninguém sabe exactamente onde está o fundo do tacho ...

Carlos Eduardo da Maia disse...

Lou, bela metáfora para descrever a crise.

Fábio e Neto - a Grècia não fez a lição de casa, suas administrações foram irresponsáveis, pensava que apenas com os recursos da zona do euro poderia sobreviver e viver eternamente em mares de rosas. Deu no que deu.

Pulha - Realmente Portugal não está no olho do furacão e, sinceramente, acho que não vai à bancarrota. Parece que o Sócrates tem seguidores no Brasil.