Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sempre Talvez




Ela não sabe o meu nome. Eu não sei o nome dela. Talvez ela nem tenha notado a minha presença, apesar de todos esses anos. E estamos sob o mesmo teto, na mesma sala imensa, recebendo as mesmas ordens. Enquanto ela fala e explica para os clientes as complexidades das faturas da companhia, eu faço a checagem das ligações. Pois eu tenho esse poder absoluto de escolher quem deve falar com quem. E ela nem sabe disso, não é sua tarefa saber, nem a minha divulgar a todos o que sei. Muitas vezes eu transfiro as ligações mais complicadas para outras atendentes como a R5, J6 ou a B9. Com isso eu a poupo dos infortúnios, das chatices, da aporrinhação. Por que faço isso? Não sei. Até gostaria de saber. Geralmente nos levantamos na mesma hora. Passamos na cantina, tomamos nossa água, café, comemos o nosso lanche e voltamos. Nunca conversamos. Aqui pouco se conversa. Pouco se diz. Pouco se sabe. Não é nossa função. Hoje - quando tudo isso acabar - penso em falar com ela. Tenho vontade de perguntar seu nome, comentar sobre o dia, dizer qualquer coisa. Não sei como ela poderia agir ou reagir. Se vai responder ou não. Eu nunca sei. Ontem não consegui. Hoje talvez eu consiga. Talvez.

3 comentários:

Anônimo disse...

Se nunca se tentar nunca se vai saber e o nao esse ja etava garantido. Complicar o que e simples nao leva a lado nenhum. Engracado o teu texto, mas ha muitas historias dessas por ai. Beijo

ZEPOVO disse...

Geralmente as ilusões são mais doces que a realidade. Do jeito que está é possivel sonhar, e que será de nós sem sonhos?

senna madureira disse...

Maia, velho parceiro

De quando em vez vc. assume uma porção "altemar dutra".

Que que isso companheiro ???