Manifestantes se acorrentam em protesto perto do Parlamento, em Atenas. Moradores protestaram nesta terça-feira contra o pedido do governo grego para ativar planos de recuperação da economia desenvolvidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia
As consequências vêm sempre depois
Segundo o New York Times, via Terra Economia, a crise grega está se alastrando e pode se transformar numa nova crise econômica de efeitos mundiais, tal como ocorreu em 2008. Os próximos países a serem afetados poderão ser Espanha e Portugal.
É que todos esses países dependem de estranhos, pois essa dívida é externa e a desconfiança dificulta os financiamentos, além da fuga de investimentos. Como esses países -- aparentemente -- não têm condições de pagá-la vão ter de rolá-la.
Delfim Netto, falando sobre a crise Grega, na sua coluna de hoje na Folha, diz o seguinte:
"nenhum país pode viver permanentemente de recursos fornecidos por credores externos. Credores são selvagens: querem receber o que irresponsavelmente emprestaram no tempo das vacas gordas!"
(...)
A questão é física: por bem ou por mal, com ou sem FMI, o consumo e o investimento gregos somados não podem mais ser maiores do que o PIB que produzem.
Em outras palavras, o "excesso" de consumo e de investimento que era financiado pelo exterior vai ser "cortado", com ele ou sem ele. Com ele, o corte do consumo se ajustará por vários anos e, provavelmente, será menos dramático. A grande lição da crise grega para os países emergentes em relativo equilíbrio interno e externo e montados em "reservas" que caíram do céu da expansão mundial é recordar "que as consequências vêm sempre depois".
Deficits fiscais produzidos por políticas distributivas exageradas, aumentos cumulativos automáticos de despesas de custeio que sacrificam os investimentos públicos e câmbio valorizado são uma boa receita para transformar a alegria de curto prazo em tragédia grega no longo prazo...
O New York Times reforça que as economias de Grécia e Portugal são "pequenas" para afetar o mundo inteiro, mas o problema pode ser mundial se chegar à Espanha. "Na superfície, a dívida é administrável. Relativa ao produto doméstico, ela é de 54%, comparada aos 120% da Grécia. Mas a Espanha tem o maior 'déficit gêmeo', que combina orçamento e contas, de qualquer país do mundo exceto a Islândia, uma mostra de como o país é dependente dos investimentos estrangeiros. Essa dívida chega a 225 bilhões de euros, quase o tamanho da economia grega", diz o NYT.
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