Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sexta-feira, 23 de abril de 2010

Geisel Reloaded



Belo Monte é Fruto de uma Política de Reestatização do Brasil


Depois que a poeira se dissipa os detalhes da licitação da hidrelétrica Belo Monte começam a vir à tona. Como disse hoje o Vinicius Torres Freire na Folha economia, no artigo Belo Monte um leilão que não houve:

 Ainda assim, o leilão de Belo Monte foi muito mais politizado que o notório leilão de privatização da Telebrás, em 1998, sob FHC. Naquela ocasião, o governo negociou até o último minuto a formação de consórcios. A graça maior da coisa era que os tucanos envolvidos eram supostamente liberais, crentes da ideia de que um leilão é o modelo perfeito para definir preços e competências. Mas politizaram o leilão até o osso.   No caso de Belo Monte, o que há é uma discussão pouco clara e pública da formação de uma parceria público-privada, com muita estatal e subsídio estatal para tornar viável o negócio. Talvez não houvesse alternativa. Mas a transparência seria de regra. E é cascata dizer que houve um leilão de concessão, à vera.

Na verdade, o governo Lula, sob a batuta da Dilma, está promovendo no Brasil, a se verificar pelos últimos movimentos, um processo de reestatização do Brasil. Como observou o diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura, Adriano Pires, na ZH de hoje:  a Belo Monte é fruto de uma política da reestatização do Brasil, porque no edital de licitação o governo fixou uma tarifa muito baixa R$ 83 por megawatt hora. Com isso o investidor privado teria uma taxa de retorno de apenas 8%, quando deveria ser de 12%. O grande investidor privado não teve interesse em participar da licitação. Houve apenas dois consórcios, sendo que um deles, o que ganhou a licitação foi montado na última hora, pelo próprio governo.

O modelo aplicado na licitação de Belo Monte é Geiseliano. O "dono da obra" são empresas estatais que assumem o risco do empreendimento e contratam empreiteiras para construir, a tarifa  é subsidiada e quem pagava a diferença é o contribuinte.

Em outras palavras, o consórcio vencedor, formado por estatais, vai ter de contratar uma empreiteira privada, Camargo Correa, Odebrecht, Andrade Guterrez  para tocar a obra. Para as empreiteiras é ótimo, porque vão ganhar dinheiro sem assumir riscos. E os cofres da campanha da Dilma vão receber os necessários investimentos, of course.

Essas são as estradas pavimentadas, como disse o Paulo Amaral, que o Brasil percorre em direção à Venezuela chavista. A não ser que algo aconteça na eleição de outubro. Veremos.

2 comentários:

charlie foxtrot disse...

Soou um alarme aqui quando fiquei sabendo da questão do financiamento pelo BNDES. Agora a coisa está ficando mais clara. Espertos esses nossos líderes! Conseguiram promover uma estatização com cara de privatização e quase todo mundo engoliu em um primeiro momento.

charlie foxtrot disse...

O texto é cristalino, mas mesmo assim vamos esperar os comentários que dirão que estamos todos tendo uma alucinação coletiva.