Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Choque de Civilizações e Salamaleques


Monitorando o blog do Bourdokan encontrei uma pedra no meio do caminho. Embaixo dela a seguinte mensagem:

Infidelidade ao Bom Senso

A Companhia das Letras acaba de lançar o livro Infiel, de Ayaan Hirsi Ali. Nascida na Somália, ex-deputada na Holanda e atualmente associada ao conservador American Enterprise Institute, Ayaan é a intérprete do islã de que precisam os arautos da “guerra de civilizações”. Para a revista Veja, por exemplo, “marcante no livro de Ayaan é o desassombro com que ela afirma cabalmente a superioridade dos valores ocidentais”. Mas antes de o caro leitor sair por aí todo cheio de gás para mais essa batalha do “mundo livre” contra o “mundo das trevas”, seria bom dar uma lida no sereno ensaio que Laila Lalami publicou em junho de 2006 na The Nation. Não é tão abalizado quanto a resenha de Veja, mas o que se há de fazer.

Maia fez o seguinte comentário:
Conheci alguns países muçulmanos e o que me chamou a atenção foi exatamente o choque de civilização. Samuel Huntington, esse intelectual tão vaiado pelo pensamento politicamente correto, não está tão errado assim. Definitivamente, a sociedade muçulmana tem outros valores, outra cultura, outra formação familiar, outra psiquê. E todas elas -- pelo menos as que conheci -- têm as mesmas graves características: são dominadas -- e exacerbadamente dominadas -- pela religião e -- o pior -- o fanatismo religioso. Desde o momento em que o vivente acorda -- quando o sol nasce -- começa a prática religiosa. É impossível não acordar com o cântico religioso que desperta todo o povo das cidades para a primeira reza do dia. Os microfones instalados nos minaretes das mesquitas repetem as mesmas rezas todos os dias. Volume máximo. O mundo muçulmano está longe de ser uma civilização moderna, pois dominado pelo preconceito sexual e é visível que aquelas sociedades carecem de valores democráticos na política, na família, na economia, na política. É uma sociedade onde o livre fluxo não existe, pois frequentemente interrompido pelo preconceito sexual e pela rigidez religiosa e política. O que vale é a palavra de Maomé -- e o pior -- a palavra de Maomé do século VII, sem tradução ou interpretação. É uma lei religiosa rígida como pedra que não admite flexibilizações. Maomé falou, tá falado, o resto é tudo pecado. E assim vive e respira o mundo muçulmano. E essa crítica tem que ser feita. É claro que a patrulha ideológica do pensamento politicamente correto não permite que se pense de outra forma sobre o mundo muçulmano, porque a ótica dominante é que aqueles países são assim, porque constantemente atacados pelo império americano e pelos israelenses. Quem pensa de modo um pouco diferente é tido como alienado, fascista, defensor da doutrina Bush e outros salamaleques. O maniqueísmo de sempre. Não li o livro dessa escritora somali, mas ela conseguiu erguer sua voz para mostrar a este imenso mundo como vive a mulher na Somália. E a patrulha ideológica de sempre acusa essa uma mulher muçulmana de fazer o jogo do ocidente. Trata-se de uma interpretação absolutamente restrita acerca de um problema maior. O mundo muçulmano tem sim outra cultura que deve ser respeitada, mas a democracia (este valor que não é burguês e nem ocidental) deve ser implantada nestes países. A mulher tem que ter sua voz e a religião não pode ser motivo para intolerância. Por isso o choque de civilizações -- que não é doutrina, mas constatação.

Um comentário:

PoPa disse...

Estou lendo este livro. É de chocar a primeira parte da vida dela na Somalia. Algo absurdamente primitivo, não exatamente mussulmano, mas por estes adotado ou - pelo menos - tolerado. Incrível história, que deveria ser lida pelos estudantes destepaís...