Na edição de ontem, o correspondente da Folha em Caracas, Fabiano Maisonnave, disse que Cuba, Venezuela e Bolívia se preparam para homenagear os 40 anos da morte de Che. Sua imagem é cada vez mais ligada à propaganda oficial desses países. O líder das FARC - EP, Raul Reyes esperava se encontrar com Chávez exatamente no dia dos 40 anos da morte de Guevara, mas o presidente da Colômbia, Úribe, não concedeu salvo conduto aos dirigentes do movimento hiper esquerdista.
E John Lee Anderson, 50 anos, americano, articulista da cultuada revista New Yorker, biógrafo de Che Guevara esteve em Porto Alegre, na semana passada para participar do seminário Fronteiras do Pensamento e deu a seguinte declaração para a Folha sobre essa veneração e adoração que certas pessoas têm com Che:
Disse Anderson: ele "simboliza um tipo de ideal de mudanças radicais, às quais boa parte do mundo, a América Latina sobretudo, ainda se atém". "Não é por acaso que Chávez recorre a Che Guevara quando tenta invocar a presença de uma entidade que dê um caráter quase que espiritual à sua revolução bolivariana".
Ora, esse "ideal de mudança radical que ainda se atém na América Latina" não encanta os países desenvolvidos, porque eles se desenvolveram com outro tipo de linguagem, a do entendimento. É evidente que revoluções ocorreram nos países hoje desenvolvidos, mas o entendimento, a convergência sempre prevaleceram, inclusive na revolução francesa, depois da fase do Terror de Robespierre. O mito Che encarna exatamente a dialética sem síntese, a mudança radical, a ausência de qualquer tipo de convergência, a vitória da divergência. Mas isso é mito, isso é ícone torto que encanta exatamente aqueles que não acreditam na linguagem da democracia, porque são catequizados nesse sentido, e nasce a falsa fé de que se trata apenas de um ideal burguês, uma dominação de classe. É exatamente por esse motivo que a América Latina engatinha na construção de uma linguagem de desenvolvimento, a qual pode ser muito bem implementada no nosso continente. Basta seguir o modelo que deu certo em outros países,. como bem apontou o sociólogo (neo weberiano) David S. Landes, autor de A pobreza e a riqueza das nações.. Mas tais modelos são vistos por certos scholars e seus cordeirinhos como manobras espoliativas, afronta a soberania, dominação, exploração e todo tipo de palavra parecida. Guevara é um ícone torto, porque incorpora o ressentimento do antagonismo social, como se fosse possível a construção da cidadania ser ditada apenas por um lado da moeda.
Um comentário:
É como diz aquela música... tem sempre um cara com a camisa amarelada do tchê, com o buraquinho da estrelinha do PT, pedindo no final da noite no bar... toca Raul!!!bjs
Postar um comentário