Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Que Fenômeno Converte Miséria em Violência?


O diretor do Tropa José Padilha, 40 anos, foi sabatinado ontem pela Folha .
Lá pelas tantas, ele disse:
A idéia era tentar descobrir como policiais vêem a violência. Existe um discurso-padrão que explica os altos índices de violência no Brasil pela miséria. O problema é que esse discurso não resiste aos fatos. Se você pegar dados da ONU e comparar índices sociais com os de violência, vai ver que tem países e cidades com índices sociais bem piores do que os do Rio, e os de violência, muito menores. Então, existe no Brasil algum processo, algum fenômeno, que converte miséria em violência em uma taxa alta.

Que fenômeno é esse?

5 comentários:

Anônimo disse...

É o fenômeno da desigualdade. Ouvi esses dias alguém falando no rádio (não lembro o nome da criatura, infelizmente), que a hipótese que está a se comprovar é que o contraste muito evidente entre pobreza e riqueza gera um sentimento de injustiça, pelo lado pobre, e de poder exagerado, do lado rico.

Talvez seja uma explicação muito simplista, mas eu acredito na premissa básica dela.

Depois, pra botar mais lenha na fogueira, não seria a própria miséria uma forma de violência?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Não, Guimas, existem sociedades muito mais desiguais, muito mais pobres, muito mais miseráveis que a brasileira e que não são tão violentas. No próprio Brasil, em certas regiões existe miséria e existe pouca violência. É que tem gente que se alimenta da miséria para impor um discurso de revolta, de revanchismo, de ressentimento. A lei não vale um tostão, então vamos furtar, roubar, traficar, vamos atirar pedra na casa grande, vamos fazer revoltas, revoluções, vamos tomar o poder etc....
Tem gente que alimenta a violência, Guimas.

Anônimo disse...

Primeiro, Maia, não tem sociedades muito mais desiguais que a brasileira. Até onde lembro tem só uma, em Serra Leoa. O Brasil é campeão em desigualdade.

Segundo, o teu discurso de que tem gente que alimenta a violência é um discurso cego, aquele de que "tem gente muito malvada nesse mundo". Tem sim, e isso não tem nada a ver com miséria. Por isso que o discurso é cego, e inútil.

O problema está no alto contraste. É a vila ao lado do Country Club, como aqui em POA.

Não justifica, mas a meu ver explica e muito bem.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Guimas, o que importa é a pirâmide social no meio. Se quatro ou cinco ganham zilhões e milhões ganham menos de um salário mínimo não significa que o Brasil seja como Sierra Leoa. Sierra Leoa, Bolívia, Somália, Etiópia são países que tem classe média muito pequena. Não é o caso do Brasil. O José Padilha está certo. Existem países bem mais pobres que o Brasil e que praticamente não existe violência. As pessoas não são violentas porque são miseráveis. As pessoas são violentas porque alguém incita elas para a violência. Exemplo? Os traficantes que tomam conta das favelas brasileiras.

PoPa disse...

É verdade, Maia. Ninguém é violento porque é miserável. Aliás, existem alguns bem violentos que nunca foram miseráveis.

Para os que gostam de falar mal das "oligarquias rurais da metade sul", como fica saber que nesta região, onde o contraste pobre/rico deveria ser o maior do Estado, a violência é muito menor que no eixo Porto Alegre/Caxias, mais rico?