Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Jorge Kauã e João Hélio - Vítimas da Ausência de Estado


O blog Ribimboca da Parafuseta faz uma bela analogia, uma nobre comparação entre a morte do menino Jorge Kauã Silva de Lacerda, 4 anos, negro, pobre, morador da favela Coréia, no bairro de Senador Camará, zona norte do Rio com a morte do menino branco, classe média, João Hélio, 6 anos, na mesma cidade do Rio de Janeiro.

Diz o Ribimboca que a morte de Jorge Kauã não é destaque, não é manchete, não é notícia de jornal da grande mídia.

Não posso discordar do Ribimboca, porque ele tem razão.

Fiquei sabendo, pelo mesmo Ribimboca, que não foi a polícia que matou Kauã, mas uma bala perdida de um revolver de um traficante.

Concordo com o Ribimboca que para Jorge Kauã não haverá passeatas pela paz, nem missa na Candelária, espaço nos telejornais do horário nobre, a fúria ensaiada dos apresentadores de programas policiais.Para Kauã, sobrará apenas uma lápide no cemitério do Irajá, e a lembrança de sua família.

Todavia, a velha questão vem a tona, Jorge Kauã não foi morto pela ação policial, nem pela tropa de elite. Não foi o comandante do Bope que matou o menino de 4 anos. Jorge Kauã e João Hélio morreram da mesma causa, a omissão do Estado brasileiro.

Por isso, existe uma certa hipocrisia no discurso de certa esquerda quando sataniza as ações do Estado e o monopólio do poder de polícia que deve ser feito. É certo que o Estado pode exagerar e extrapolar nesse poder de polícia, mas a grande culpa é a omissão. A ausência de Estado.

Um comentário:

Carlos de Castro disse...

Fala Maia. Obrigado pelos elogios. é isso aí, omissão do Estado. Estão querendo resolver um problema de séculos em um mandato. Eu nunca fui brizolista, mas o Brizola em seu primeiro mandato urbanizou favelas, colocou inclusive um elevador no morro do Pavãozinho em Copacabana, para facilitar a vida dos moradores e das assistentes sociais da fundação Leão XIII como na Colômbia. Urbanizou favelas e construiu os CIEPS que por um bom tempo foram referência em educação. Se os projetos do Brizola e do Darcy Ribeiro tivessem prosseguido a situação estaria melhor. As investidas policiais são necessárias, mas com planejamento e inteligência. Sem tiros a esmo e execuções sumárias como as que vimos. Por que não prenderam os dois traficantes desarmados que estavam cercados por um helicóptero? Policia não é grupo de extermínio. A operação foi um fracasso, os traficantes já voltaram para a favela.