Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O Masoquismo da Petrobrás


Depois de tudo o que aconteceu, o Brasil resolveu investir novamente na Bolívia. O editorial da Folha de hoje, critica, com muita razão, a iniciativa do governo do PT que controla a estatal multinacional Petrobrás. Marco Aurélio Garcia disse que o retorno do Brasil à Bolívia depende apenas de haver estabilidade para investimentos.

Estabilidade, onde, cara pálida?

Para quem não sabe ou ligou o rádio agora, Evo Morales sempre machou no sentido contrário à estabilidade. A Bolívia talvez seja hoje, como bem disse a Folha, um dos territórios mais arriscados para empresas estrangeiras imobilizarem capital. E a Petrobras, maior investidora em solo boliviano, foi a vítima preferencial do populismo do ex-líder cocaleiro.Em maio do ano passado, Morales mandou o Exército ocupar instalações da estatal brasileira -a pantomima marcou a nacionalização dos hidrocarbonetos e o arrocho tributário nas multinacionais. O governo "revolucionário" também seqüestrou o fluxo de caixa de duas refinarias da Petrobras, depois vendidas (à força) por preço módico ao Estado boliviano.O que terá mudado para que Marco Aurélio Garcia -cuja eficiência como preposto de Lula para a América Latina está para ser demonstrada- possa festejar a reaproximação dos dois países? Na falta dos termos do propalado acordo para o retorno da Petrobras aos investimentos na Bolívia, no campo de gás de Itaú (sul), restam apenas especulações.No balanço de perdas e ganhos entre Brasil e Bolívia, desde o início estava claro que o país andino teria mais a perder com a aventura nacionalista de Morales. O impacto para a economia brasileira poderia vir na forma do encarecimento, em curto prazo, da energia. Mas a perspectiva de estagnação da fonte boliviana já estimulou famílias, empresas e governo a buscar um novo arranjo energético: freio no uso do gás e sua substituição por outros combustíveis, aumento da prospecção de gás no Brasil, importação do produto liquefeito.À Bolívia restava comemorar o aumento das receitas fiscais no curto prazo. Sem capital, sem tecnologia e sem a confiança de seu principal mercado (o Brasil), a perspectiva para o futuro do país mais pobre da América do Sul, que depende do subsolo, é sombria. Morales não sabe como fará, por exemplo, para dobrar o fornecimento de gás à Argentina em três anos, conforme acordo com o governo Kirchner.Talvez o presidente da Bolívia tenha sido acometido por um choque súbito de realidade. Em se tratando de Evo Morales, vale a recomendação atribuída a Floriano Peixoto: vamos confiar, desconfiando.

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