Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 16 de outubro de 2007

O Paradoxo Chinês


A China é um país que passa por uma impressionante abertura econômica, mas em compensação permanece no fechamento político do partido único.

Poucos países, quase nenhum, se desenvolveram tanto, nos últimos anos, como a China. O sonho dourado de qualquer empresário é ingressar nessa sociedade de consumo de bilhões de pessoas. O mundo inteiro tem interesse em investir na China. O governo Chinês agradece.

E a prioridade máxima do governo chinês é exatamente essa, manter o ritmo de crescimento econômico, como enfatizou ontem Hu Jintao, em discurso de 2 horas e 25 minutos quando abriu o 17º congresso do Partico Comunista. A pretensão é de quadriplicar o PIB per capita entre 2000 e 2020 e passar a renda per capita de US$ 2.000 para US$ 5.000.

Mas o discurso ideológico ainda está presente. Hu Jintao, como agente do partido único, exalta as conquistas socialistas iniciadas com a fundação da República Popular em 1949, como observa a jornalista Cláudia Trevisan, na Folha de hoje.

Diz ela:

O crescimento das últimas três décadas gerou um desastre ambiental na China, com a contaminação da maioria dos rios, chuva ácida em 30% do território e a multiplicação de mortes provocadas pela poluição.Com sua teoria, Hu deixa sua marca no discurso oficial do partido, mas também mira seu antecessor. Originário de Xangai, cidade-símbolo da China globalizada, Jiang Zemin é identificado com a próspera costa leste e a política do crescimento a qualquer preço.Monopólio do PC. Apesar das divergências, o discurso de Hu teve muitos pontos em comum com o realizado por seu antecessor ao abrir o 16º Congresso do partido, há cinco anos. Ambos defenderam o império da lei e o aumento "ordeiro" da participação política popular, elementos do que classificam como "democracia socialista".O atual presidente foi além ao defender maior transparência e reformas que tornem mais competitivas as eleições internas do partido. Nada, no entanto, que ameace o modelo de partido único. Hu deixou claro que a China continuará a ser conduzida exclusivamente pelo PC, que permanecerá "o centro que dá direção à situação geral e coordena os esforços de todos os quadrantes".Hu defendeu ainda iniciativas de apoio à população rural (57% da população chinesa) e o desenvolvimento de um sistema de seguridade social. A ausência de uma rede de proteção social, o rápido aumento da desigualdade de renda e as disparidades regionais estão entre as principais causas do agravamento da tensão social, que torna o slogan da "sociedade harmoniosa", lançado por Hu, cada vez mais distante.A mudança no padrão de desenvolvimento proposta no discurso repete elementos do 11º Plano Qüinqüenal (2006-2010), que prevê o aumento do peso do consumo interno no crescimento do PIB.Até hoje, os principais fatores que impulsionam a expansão chinesa são investimentos e exportações, o que cria desequilíbrios, como o enorme superávit comercial, que deve fechar o ano em valor próximo de US$ 300 bilhões.O conceito de "desenvolvimento científico" deverá ser incorporado à Constituição do partido, por meio de uma emenda a ser aprovada durante o congresso, que termina no domingo. Com isso, Hu Jintao ficará ao lado dos líderes chineses que o antecederam e deixaram sua contribuição teórica: Mao Tsé-tung, Deng Xiaoping e Jiang Zemin.

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