Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 8 de outubro de 2007

O Camaleão e o Modelo Obsoleto


O dono do diario gauche, nesta nublada manhã de segunda-feira, já avisou:

O modelão da nossa mídia está obsoleto.

Talvez ele tenha razão, talvez não.

É que, segundo o blogueiro da gauche, sendo a internet uma mídia mais democrática, mais polifônica, mais polissémica, mais pulral não se presta às determinações objetivas da lei do valor. No duro mesmo, a internet é ruim de negócio! É difícil ganhar dinheiro só com a veiculação no meio. A propriedade das coisas, objetos e gentes, o velho truque de precificar tudo, na internet não pega. E os grandes players da rede não estão nem no Brasil, nem no Hemisfério Sul. Neste caso, o furo é mais acima. A RBS teria que se transformar numa outra coisa para continuar ganhando dinheiro com a exploração dos mass media. Estruturalmente é, pois, uma situação de fato crítica.
Por esses motivos todos, a mídia corporativa e oligárquica precisa tanto do Estado. Não só pelo habitus atávico, mas por depender mesmo do amparo de governantes amigos para a realização dos seus capitais. O governo Lula, mesmo sendo objetivamente inofensivo aos seus interesses corporativos, representa uma ameaça potencial imediata, já que não pode ser controlado organicamente de dentro (como sempre foi no Brasil), e pode se constituir no gatilho desestabilizador da ordem oligárquica no País. Esse governo, mesmo que o seu titular não o queira, pode abrir a caixa de Pandora e liberar todos os seculares fantasmas que assombram as velhas oligarquias de todo o mundo – a participação popular e o questionamento da ordem institucional obsoleta.
Lula é inofensivo, mas os que o elegeram não o são – deve pensar o baronato midiático. E assim é!

Concordo, em parte, com o ponto de vista do blogueiro da gauche. O certo é que qualquer gupo de pessoas que pretender vender mídia - quer queira ou não - vai virar empresa e os viventes, os sócios, se tornarão empresários. E como tais, vão ter que, necessariamente, almejar lucro, administrar e bem gerir as pessoas e vender o seu peixe. E o mar não está mesmo para peixe. A competição é grande ( e isso é muiiiito bom) e o Estado orgânico ou inorgânico não tem que ficar dando forcinha para grupo de comunicação privado, como sempre aconteceu neste país. Apenas acho que é muito cedo para dizer que os grandes grupos midiáticos brasileiros estão com os dias contados, ou de que o modelo está obsoleto. Navegando pelos países do mundo, não se verifica tanta diferença entre o nosso modelo e o dos outros. Parece ser tudo mais ou menos a mesma coisa. A mídia que, nos últimos anos, sempre esteve ai têm know how, expertise, sabem o mercado que estão lidando e e o capitalismo é dinâmico, camaleônico e as empresas têm condições de se adaptar às vicissitudes do mercado com razoável facilidade. Será mesmo? Mesmo que a grande mídia se incline para a internet (que realmente não é lucrativa) seus sites, a princípio, serão sempre os mais acessados. O que não pode acontecer - e o povo brasileiro tem que estar de olho - são os movimentos sociais, representados pela mesma elite, a meia dúzia de sempre, as minorias participativas, que estiveram na sexta feira na frente da ZH, que a Sueli Halfen pensou que estavam esperando o ônibus, tenham o poder de controlar a pauta da mídia.
( A foto acima é do camaleão Zelig, excelente filme de Woody Allen, que tive o grande prazer de rever ontem no canal MGM)

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