Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


domingo, 14 de outubro de 2007

Intimidades de Lula


Não me considerou um AntiLula e, nem mesmo, um antiPT. Quero apenas que o Brasil acerte. Que o Estado brasileiro dê certo, com Lula ou sem Lula. Tanto faz. Lula é o sonho americano. É o retirante que virou metalúrgico que virou sindicalista e que virou político e presidente da república. Lula tem - sim - um grande valor.

E é sempre interessante entrar no cotidiano do poder de um presidente.
A Folha arrancou isso de Lula, em entrevista publicada na sua edição de hoje.

FOLHA - O que faz no tempo livre?
LULA - Não tenho tempo livre.
FOLHA - No final de semana.
LULA - Aí é que me sinto isolado. Quando posso, passo com meus filhos. Eles não querem vir para Brasília. Cada um tem a vida dele, tem a sua namorada. Não posso convidar um ministro porque tenho 30 [são 37] e vou criar ciúme nos outros. Dos meus domingos, 90% estamos eu e Marisa sozinhos. Aqui em Brasília nunca fui a um jantar, a um aniversário, a um restaurante. Minha vida é Palácio do Planalto e Palácio da Alvorada.
FOLHA - Foi ao Rosenthal [restaurante bom e barato de um cozinheiro de JK que morreu em 2005].
LULA - Fui uma vez ao Rosenthal em quatro anos e meio. Não vou porque não quero atrapalhar as pessoas. O presidente leva um monte de gente, segurança, para ir a um lugar.
FOLHA - Não foge, não sai sozinho?
LULA - Não. Sei de histórias de presidente que fugia e não fujo.
FOLHA - O que o sr. faz?
LULA - Eu e Marisa vemos filme, vemos TV, andamos, pescamos, conversamos.
FOLHA - O casamento está bom?
LULA - Sempre esteve bom.
FOLHA - O sr. tira uma sesta todo dia? Coloca pijama como o JK?
LULA - Não tenho tempo. Aquele tempo talvez fosse mais fácil para governar. Às vezes saio daqui tarde para almoçar, chego em casa às 15h -vou almoçar em casa todo dia. E tem dia que volto para cá muito nervoso porque o tempo que tenho de almoçar é menor do que quando eu trabalhava na fábrica em tempo corrido e tinha meia hora para almoçar. Quando tenho tempo de descansar 20 minutos, dar uma cochilada, é um alívio porque a gente ganha uma tarde nova.
FOLHA - O sr. acorda a que horas? Dorme quantas horas?
LULA - Durmo quatro horas e meia, cinco horas por noite. Acordo todo dia entre 5h30 e 6h.
FOLHA - Não é pouco?
LULA - É pouco.
FOLHA - Como está o peso?
LULA - Estou com 84 kg. Tô fazendo regime para chegar a 80.
FOLHA - Faz ginástica?
LULA - Ando todo dia. É essa ginástica que me deixa de bom humor todo dia. Não tenho motivo para não ter bom humor.
FOLHA - Não fica mal-humorado, xinga?
LULA - Tenho um jeito que não vou mudar. Cobro dos meus companheiros ministros.
FOLHA - Não solta palavrões?
LULA - Um palavrão quando soa como força de expressão ele é bonito. Ele é feio quando falado fora de hora. Eu sou assim.
FOLHA - O que o sr. vê na TV?
LULA - Não gosto de nada que me deixe tenso na TV ou no cinema. Não me convide para ver um filme de terror ou de suspense. Quero me divertir. Quanto mais avacalhado for o programa, melhor para mim. Gosto muito de documentário, que vejo na TV a cabo. Nesta semana, vi um documentário sensacional sobre plataforma de petróleo. Outro dia vi um documentário espetacular sobre borracha. Vejo muito filme. Ganhei uma coleção de filmes brasileiros. Ouço muita música. O mais recente é o DVD do Toquinho, que é excepcional.
FOLHA - O sr. tinha fama de não gostar de Brasília. O que acha agora depois de viver cinco anos nela? LULA - O pior é que não vivo em Brasília. Vivo no Palácio do Planalto e no Palácio da Alvorada. Vive em Brasília quem vai a restaurante, ao shopping, quem vai tomar um chope no bar.
FOLHA - O sr. disse que não vai estudar no exterior quando deixar o governo, mas o que planeja fazer? Tem medo da "depressão pós-poder"? Do que sentirá mais falta?
LULA - Sou um homem vacinado. Sei ao longo da história da dificuldade de as pessoas viverem sem corte depois de passarem tanto tempo com corte. Por conta disso muita gente erra na política, cai em depressão. Muita gente não se dá conta de que acabou o mandato, acabou. Tem de fazer outra coisa. Pretendo viver minha vidinha tranqüila. Pretendo voltar no sábado e domingo para o meu terreninho, lá em São Bernardo do Campo. Fazer o meu feijãozinho, meu coelhinho na panela de ferro, fumar um cigarrinho de corda, sentado perto do fogão de lenha. Obviamente vou continuar tendo atividade política. Mas nada de cargo nem como dirigente do PT.
FOLHA - O sr. sempre tomou cachaça, chope. Por que no episódio Larry Rohter o sr. reagiu tão duramente?
LULA - Incomoda a mentira, a desfaçatez. Duvido que tenha um jornalista no Brasil que tenha me visto bêbado. Duvido que tenha um companheiro do PT que tenha me visto bêbado. Duvido que tenha um militante do movimento sindical que tenha me visto bêbado. Digo para todo mundo ouvir. A última vez em que bebi mesmo foi quando o Brasil perdeu para a Holanda de 2 a 0 na Copa do Mundo de 1974. Foi a primeira vez em que vi TV a cores. A gente tinha fechado o sindicato para comemorar a vitória do Brasil. O Brasil perdeu, e a gente bebeu de tristeza. Tinha casado com a Marisa fazia um mês e cheguei em casa travado. Depois disso, não mais. Fiquei puto porque, como pode um cidadão que nunca conversou comigo, que nunca tomou um copo de cerveja comigo, que nunca tomou um copo d'água comigo, fazer uma matéria de que eu bebia. Isso me deixou muito puto. Tem um companheiro no bar e está vendo eu tomar dois uísques, escreva que tomei dois uísques. Se as pessoas me perguntarem se bebo, falo. Bebo, gosto de tomar um uisquizinho. Não gosto de cerveja. Não gosto muito de vinho. Eu estou falando sobre 32 anos. Duvido que alguém tenha me visto bêbado desde 1974. O episódio me deixou chateado. Uma matéria gratuita e que fazia parte da tentativa de pessoas que queriam construir uma imagem negativa do Lula. Aliás, passaram grande parte do primeiro mandato tentando fazer isso.
FOLHA - Após o Dualib dizer que o Corinthians ganhou com gol roubado, acha que o título de 2005 deveria ser dado ao Internacional?
LULA - Aquele título a gente quase não comemora. Foi num ranha-ranha, quase perdeu todos os jogos para chegar ao título. Se você vai anular um título cada vez que rouba, tem de tirar da Argentina a Copa de 86... Bem, vou criar um problema internacional.

3 comentários:

Santa disse...

Lula consegue ser desinteressante sempre, quando não ridículo e cínico.

Letícia Losekann Coelho disse...

Faço minhas as palavras da Santa! O Lula não é nada interessante! bjo

Anônimo disse...

A Santa tem razão.
Hoje o assunto é outro: ECOLOGIA!

Abçs