Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A Grife Guevara


Este blogueiro, na juventude, na mocidade leu as biografias e os estudos sobre guerrilhas e estratégias de Guevara. Chamou a atenção na época que Guevara não era lá um bom escritor, meio prolixo, meio ingênuo e carregado de um lado autoritário muito forte. Com o sonhador Guevara não havia meio termo ou meias palavras, era tudo ou nada.

Mais tarde - depois que a ficha caiu - este blogueiro continuou fascinado pelo mito e pela grife Guevara. Lá pelas tantas, numa livraria da vida, pinçou a biografia de Che, feita pelo mexicano Jorge Castañeda, uma vida em vermelho, e devorou a obra.

Este blogueiro não estava totalmente errado quanto a Che, pois depois de ler sua biografia -- que é realmente fascinante -- se manteve aquele sentimento de que Che realmente era um carinha ingênuo, carregado de espírito autoritário, que não conseguia receber um não. Pior, além disso, lendo a biografia, o dono deste depósito constatou também que Che era um assassino, comandou a execução de centenas de pessoas no quartel "La Cabaña", nos primeiros anos da revolução cubana. Depois, Che foi presidente do Banco Central Cubano e Ministro do governo Fidel. Foram administrações pífias, porque Che, ingenuamente, acreditava que bastava ter boa vontade socialista para realizar uma boa administração. Fracassou nessa atividade administrativa e resolveu fazer o que realmente gostava: revolução em outros lugares. Foi para o Congo Belga e seu deu mal. Na Bolívia não conseguiu o apoio de quase ninguém. Foi executado em La Higuera.

Ontem a Veja publicou em sua capa um especial sobre Che: há quarenta anos morriao homem e nascia a farsa.

Por que o mito, o ícone, a grife Guevara está tão em alta ?

Veja tenta responder:

O esforço de construção do mito foi facilitado por vários fatores. Quando morreu, Che era uma celebridade internacional. Boa-pinta, saía ótimo nas fotografias. A foto do pôster que enfeita quartos de milhões de jovens foi tirada num funeral em Havana, ao qual compareceram o filósofo francês Jean-Paul Sartre – que exaltou Che como "o mais completo ser humano de nossa era" – e sua mulher, a escritora Simone de Beauvoir. A foto de 1960 só ganhou divulgação mundial sete anos depois, nas páginas da revista Paris Match. Dois meses mais tarde, Che foi morto na selva boliviana e Fidel fez um comício à frente de uma enorme reprodução da imagem, que preenchia toda a fachada de um prédio público cubano. Nascia o pôster.
Três fatos ajudaram a consolidar o mito. O primeiro foi a morte prematura de Che, que eternizou sua imagem jovem. Aos 39 anos, ele estava longe de ser um adolescente quando foi abatido, mas a pinta de galã lhe garantia um aspecto juvenil. O fim precoce também o salvou de ser associado à agonia do comunismo. A decadência física e política de Fidel Castro, desmoralizado pela responsabilidade no isolamento e no atraso econômico que afligem o povo cubano, dá uma idéia do que poderia ter acontecido com Che, que era apenas dois anos mais jovem que o ditador.

Equívocos -- e graves equívocos -- dos nossos dias.




5 comentários:

Sangue de Barata disse...

Só nao ficou claro pra mim quais foram os "equívocos" na sua opiniao, a versao da Veja ou versao da História?

Abs.

PoPa disse...

Aqui em Pelotas, tem um artesão que é um remanescente hippie que não acompanhou o desenvolvimento. Deve ser um dos últimos hippies do mundo... Outro dia, com minha filha, estava olhando algumas coisas na barraquinha dele e vi alguns bottons com a imagem do Che. Vi aquilo e olhei para ele, indagativamente. Não cheguei a dizer nada e ele comentou, meio sem jeito: quem diria, o "Comandante" virou objeto de consumo do capitalismo!

Também tive meu poster de Guevara na parede. Mas foi na época em que isto representava uma reação à ditadura militar. Não se sabia ao certo o que significava aquela imagem, quem era aquele personagem. Hoje, sabemos, era um assassino frio, que não exitava em matar os próprios companheiros.

Como qualquer ser humano, também tinha seus momentos de ternura, provavelmente. Hitler também os tinha.

PoPa disse...

Sangue, não há uma "versão da Veja". Há a versão histórica. É de estranhar ela estar na Veja, pois é matéria velha, passada, rançosa... Teria faltado assunto?

Sangue de Barata disse...

Li e achei a versao do panfleto asquerosa, intragável, uma tentativa de desmoralizar a esquerda ou o que ainda resta dela, e a versao do panfleto, desta imunda revista, a mais conservadora (no pior sentido do termo) do país, que até agora pouco foi comentado pela blogsfera, a nao ser pelo ribimbocadaparafuseta.blogspot.com

Acho que equívocos houveram, há e haverão e seria tolo negá-los, mas distorcer fatos e só publicar um lado da história nao é jornalismo respeitável, é tendecialismo de mercado, isso só emburrece ainda + quem a lê.

Por isso nao entendi se a opiniao expressa aqui no blog critica ou apóia a versao da Veja, que tenta desmoralizar tudo que foi Che Guevara e ridicularizar tudo o que está em desacordo com sua forma única, monocromática de ver o mundo - como se só ela e seus financiadores tivessem razao.

Até +

Carlos Eduardo da Maia disse...

Pampa, tive o meu poster do Guevara na parede.
Sangue de barata, a história de Che Guevara está contada em suas biografias. Recomendo duas: a do Anderson e a do Castañera. Não existem muitas contradições entre elas. Guevara foi um mito criado e que deu certo. Mas na verdade o que fez Guevara? Andou pela América Latina, escreveu livros agressivos e o que mais gostava de fazer é fomentar revolução. E para chegar a esse fim ele topava qualquer meio, inclusive o assassinato. Guevara não aguentou as tarefas burocráticas de administrar Cuba, como presidente do Banco Central e Ministro. Guevara andava deprimido nessa época e sua administração foi pífia. Acreditava que boa vontade esquerdista é suficiente. Enganou-se e não teve saco para continuar. Morreu na Bolívia e nasceu o mito. Mas que mito?