Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Brincando de Pinçar Números


Leio no diario gauche de hoje a seguinte notícia:

Participação do rendimento dos trabalhadores na renda nacional
1959: 55,5%
1980: 50,0%
2005: 39,1%
Fonte: Professor Marcio Pochmann, atual presidente do IPEA

Comentário do dono do depósito:
Um país se desenvolve socialmente se ele se desenvolve economicamente. Um fator está intimamente ligado ao outro. Um país desenvolvido socialmente é aquele que é gordo, obeso na cintura da pirâmide social. É aquele onde a classe média é dominante. É o exemplo europeu. Essa mesma classe 'mérdia' que a esquerda brasileira (oriunda em sua maioria da classe 'mérdia') tanto adora. Aquele que brinca de pinçar números isolados e os coloca nos textos da vida têm seus motivos para fazer isso: ocultos ou não. Dizer, como se diz, que o Brasil está retrocedendo é o absurdo dos absurdos, porque a pirâmide social brasileira há vários anos (inclusive na gestão do tucanato) vem engordando no meio e vem incluíndo mais e mais brasileiros no padrão classe média de vida. É só olhar para os centros das grandes cidades brasileiras e contar o número de edifícios sendo construídos. Como diz o Jacaré, um amigo meu de Maçambará, ali perto de Itaqui, uma barbaridade

O Masoquismo da Petrobrás


Depois de tudo o que aconteceu, o Brasil resolveu investir novamente na Bolívia. O editorial da Folha de hoje, critica, com muita razão, a iniciativa do governo do PT que controla a estatal multinacional Petrobrás. Marco Aurélio Garcia disse que o retorno do Brasil à Bolívia depende apenas de haver estabilidade para investimentos.

Estabilidade, onde, cara pálida?

Para quem não sabe ou ligou o rádio agora, Evo Morales sempre machou no sentido contrário à estabilidade. A Bolívia talvez seja hoje, como bem disse a Folha, um dos territórios mais arriscados para empresas estrangeiras imobilizarem capital. E a Petrobras, maior investidora em solo boliviano, foi a vítima preferencial do populismo do ex-líder cocaleiro.Em maio do ano passado, Morales mandou o Exército ocupar instalações da estatal brasileira -a pantomima marcou a nacionalização dos hidrocarbonetos e o arrocho tributário nas multinacionais. O governo "revolucionário" também seqüestrou o fluxo de caixa de duas refinarias da Petrobras, depois vendidas (à força) por preço módico ao Estado boliviano.O que terá mudado para que Marco Aurélio Garcia -cuja eficiência como preposto de Lula para a América Latina está para ser demonstrada- possa festejar a reaproximação dos dois países? Na falta dos termos do propalado acordo para o retorno da Petrobras aos investimentos na Bolívia, no campo de gás de Itaú (sul), restam apenas especulações.No balanço de perdas e ganhos entre Brasil e Bolívia, desde o início estava claro que o país andino teria mais a perder com a aventura nacionalista de Morales. O impacto para a economia brasileira poderia vir na forma do encarecimento, em curto prazo, da energia. Mas a perspectiva de estagnação da fonte boliviana já estimulou famílias, empresas e governo a buscar um novo arranjo energético: freio no uso do gás e sua substituição por outros combustíveis, aumento da prospecção de gás no Brasil, importação do produto liquefeito.À Bolívia restava comemorar o aumento das receitas fiscais no curto prazo. Sem capital, sem tecnologia e sem a confiança de seu principal mercado (o Brasil), a perspectiva para o futuro do país mais pobre da América do Sul, que depende do subsolo, é sombria. Morales não sabe como fará, por exemplo, para dobrar o fornecimento de gás à Argentina em três anos, conforme acordo com o governo Kirchner.Talvez o presidente da Bolívia tenha sido acometido por um choque súbito de realidade. Em se tratando de Evo Morales, vale a recomendação atribuída a Floriano Peixoto: vamos confiar, desconfiando.

Que Fenômeno Converte Miséria em Violência?


O diretor do Tropa José Padilha, 40 anos, foi sabatinado ontem pela Folha .
Lá pelas tantas, ele disse:
A idéia era tentar descobrir como policiais vêem a violência. Existe um discurso-padrão que explica os altos índices de violência no Brasil pela miséria. O problema é que esse discurso não resiste aos fatos. Se você pegar dados da ONU e comparar índices sociais com os de violência, vai ver que tem países e cidades com índices sociais bem piores do que os do Rio, e os de violência, muito menores. Então, existe no Brasil algum processo, algum fenômeno, que converte miséria em violência em uma taxa alta.

Que fenômeno é esse?

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Robin Hood não Existe


Que mania impressionante a esquerda latino americana tem de resumir tudo, como fez o Baleiro ontem, em questão de luta de classes. De um lado a elite e de outro os pobres; de um lado a civilização e de outro a barbárie. Tudo se explica e se resolve dessa forma simplista e primária. Chega de maniqueísmo, chega de dualismo. Isso é apenas cortina de fumaça para quem não quer enxergar além. O interessante é que os autores e atores de esquerda fazem questão de omitir um fato: o tráfico que corrompe, vicia e destroi a vida da favela. O tráfico existe. É o capitalismo mais selvagem, mais primitivo, mais bárbaro da história do planeta. O tráfico está ali: tentando dar uma de Robin Hood e aniquilando as expectativas de todos, corrompendo a vida das pessoas, arrebanhando a meninada que se torna fogueteira ou mula. E o traficante cobra seu preço -- e esse preço é caro. É muito caro. E as pessoas de bem da favela (a grande maioria) ficam reféns desses idiotas que dominam todas as atividades. E isso o discurso de esquerda não enfrenta, não ventila, se omite. Por que se omite? Porque prefere utilizar termos de uma falsa sociologia que já está para lá de caduca. Tadinhos dos traficantes, tão pobrezinhos e sem oportunidades. Que isso, cara? Tropa de elite mostra que do lado do tráfico não está nenhum Robin Hood, está sim a bandidagem, está o carinha que cobra de todos fidelidade. E quem não é fiel está condenado. E não tem julgamento nem nada. É bala na cara. E se sobrar a família vai junto. E quando o Estado e seu monopólio de poder de polícia deve fazer o que todos desejam: ingressar na favela e tomar conta daquele lugar, a esquerda atira pedra ... nos policiais.

Dívida, Auditoria e Gororoba


O diário gauche de hoje apresenta a seguinte mensagem:

Em 2006, pagamos R$ 275 bilhões a título de juros e amortizações das dívidas interna e externa. Com a Saúde, o governo gastou R$ 36 bilhões, com a Educação, R$ 17 bilhões.
Neste ano de 2007, a dívida interna aumentou em R$ 79 bilhões. Entre junho de 2005 e fevereiro de 2007 – em menos de dois anos, portanto -, a dívida interna passou de R$ 938 bilhões para R$ 1,2 trilhão (cresceu R$ 262 bilhões).
Só nos primeiros nove meses de 2007, os rentistas e especuladores da dívida brasileira – cerca de 80 mil brasileiros e brasileiras ricas – faturaram mais que o total de gastos com Saúde e Educação no ano passado, e ainda tiveram uma sobra de 26 bilhões para eles comprarem relógios Rolex para uso próprio e pirulitos para distribuir aos pedintes de semáforo.
Dias atrás, o presidente Lula reuniu os 96 maiores empresários do País. Desses 96 executivos, somente dois deles não eram de São Paulo.
Este tema da dívida é tão importante quanto pesado, hermético, objeto de disputa ferocíssima e a qual o lulismo-petismo simplesmente entregou a rapadura. Quem manda aí é o Banco Central do Brasil, que obedece expressa e estritamente aos interesses do capital financeiro internacional e não tem conversa. É tema tabu dentro do governo Lula, haja vista o PAC não ter sequer menção à questão da dívida interna. Repito: questão tabu no Palácio do Planalto. Quem mencionar o tema, mesmo indiretamente, será tratado como um "leproso no Velho Testamento".
Ver mais e melhor
aqui.

O Maia seguiu as recomendações do gauche e navegou mais e melhor ali que é o site Auditoria Cidadã da Dívida (http://www.divida-auditoriacidada.org.br/)

O site lembra a cartilha que o falecido Aloisio Biondi fez (Brasil privatizado)em relação às privatizações da telefonia. A tática é a mesma, se reune os dados ruins, péssimos e terríveis numa imensa gororoba para alimentar os incautos e os cordeirinhos. Qualquer pessoa que tenha um pequeno conhecimento de como efetivamente funciona o mercado financeiro nacional e internacional, a economia mundial, não embarca nessa canoa completamente furada. O principal da dívida brasileira é resultado de investimentos feitos no Brasil (estrutura e infraestrutura) que devem sim ser pagos. Os juros (que ainda continuam elevados) são os que sustentam o nosso equilíbrio econômico e que impedem a volta da inflação -- que corroi e elimina o salário e os valores do aposentado, da familia pobre, do mendigo em poucos dias. E os investidores que aplicam, necessariamente, não são brasileiros. São pessoas físicas e jurídicas do mundo inteiro que aqui investem porque procuram local onde exista mais segurança e rentabilidade. O investidor tem a absoluta liberdade de escolher onde aplicar seu rico dinheirinho: no Brasil, na China ou no Paquistão. É dinheiro volátil, mas é dinheiro, é capital que pode se transformar, se o país for considerado viável em produção, emprego, renda e impostos. É assim que funciona o sistema financeiro e a economia em qualquer país capitalista do mundo. Não se pode duvidar que o sistema é injusto e deve ser modificado. Como? Essa é a questão. Cimeiras sobre o assunto foram realizadas durante a administração Clinton. Mas o troglodita chegou e acabou com a festa. O mundo em compasso de espera.

O Aborto e a Fábrica de Marginais


Do ribimboca da parafuseta pesquei a seguinte mensagem:

Isabel (nome fictício), tem 24 anos. Moradora do morro da Babilônia, namora há 4 meses e está vivendo um dilema. Seu namorado não sabe, mas Isabel está grávida.Ela faz uso de pílula anticoncepcional, dia sim, dia não, por economia e total desinformação. Pensa em abortar, mas católica, foi desaconselhada pelo padre de sua paróquia.

Se o aborto fosse legalizado, seria um problema a menos para Isabel, que poderia procurar o SUS, ser aconselhada por uma médica e ter acompanhamento psicológico.Isabel dependerá da boa vontade de seu namorado, que poderá pagar ou não o aborto, e na melhor das hipótese assumir o filho.

Isabel, de acordo com o governador Sérgio Cabral Filho, é uma das milhares de fabricantes de marginais que habitam as 700 favelas da cidade.Ela deveria ter o direito de abortar? Sim, mas seguindo outros critérios, sem imposições.Cabral não enxerga, ou não quer enxergar, que sua análise é cruel, preconceituosa, superficial e tem algo de eugenia.

Se tomarmos sua análise como parâmetro, podemos inverter, e as mulheres de classe alta e média, seriam incubadoras de políticos corruptos e todo tipo de criminosos engravatados. Do sonegador de impostos aos usuários de drogas classe "A".


Comentário do Maia:


Concordo que Isabel deve decidir se quer ou não abortar e deveria fazer esse aborto num hospital limpo e decente do SUS. Mas a lei brasileira, ao contrário das leis portuguesas, francesas, alemãs, italianas e americanas, entende que aborto é crime e a pessoa que aborta deve ir a juri popular. Isso é medieval. Cabral pode não ter se expressado muito bem, pode ter ido direto ao pote com certa demasia, mas o que ele disse, infelizmente, é uma realidade. Que futuro tem um filho não desejado que já possui diversos irmãos de uma família, cuja renda familiar é menor que o salário mínimo? Não quero aqui generalizar, porque grande parte das pessoas que moram, vivem e convivem nas favelas não viram bandidos. O problema é que o menininho cresce na favela junto com os filhos dos traficantes, até que um belo dia ele se torna um, uma mula, um fogueteiro e dificilmente vai conseguir sair dessa viciada vida, porque o traficante é impiedoso, ele cobra -- e cobra bem -- pelos serviços prestados. O grande mérito do filme tropa de elite é exatamente esse, ele aponta a arma na cara da hipocrisia brasileira, vítima de um pensamento politicamente correto, mas equivocado na prática. Constatar a realidade nua e crua, doa o que doer, não é fascismo, não é direitismo. Ninguém pode ser a favor da tortura e da repressão sem limites, mas ao Estado cabe exercer uma função soberana e que só ele tem esse monopólio: o poder de polícia.


Fator K


Artigo de Plínio Fraga na Folha de hoje sobre o casal Kirchner e a recente eleição argentina.

O Fator K argentino
Plínio Fraga
A campanha vitoriosa de Cristina Fernandez de Kirchner à Presidência argentina ocorreu em ambiente político morno, com desprezo pelo debate por parte do casal situacionista e falta de discurso oposicionista.Assim como Lula fez na disputa de 2006, a estratégia dos Kirchner isolava Cristina Fernandez da possibilidade de questionamentos por jornalistas. Só vinha a público manifestar-se por meio de discursos, e cumpriu uma extensa agenda internacional para mostrar-se preparada para o cargo que alçava.Uma das inserções mais competentes de Cristina Kirchner mostrava crianças de 5, 6 anos sendo instadas a responder o que é FMI. Uma banda, um país distante, um pato, respondem, angelicais. A chave de ouro aparecia em seguida: "Fizemos com que seus filhos não tivessem nem idéia do que seja o FMI. Agora falta que o exterior, em vez de nos fazer empréstimos, venha investir cada vez mais".A Argentina vive uma crise de energia há três anos sem que haja luz no fim do túnel. O governo maquia números de inflação como resposta ao desabastecimento. Manchetam os jornais: "Campanha do boicote ao tomate faz sucesso", entendido como tal que ninguém consumia um produto que ninguém encontrava. Buenos Aires segue uma cidade adorável, apesar de o lixo nas ruas distantes dos bairros ricos demonstrar um sistema a caminho da putrefação.Os ambientalistas chamam de Fator K o limite de exaustão de um ecossistema, o que define sua capacidade de recuperar-se diante de uma agressão. A possibilidade de uma administração de sucesso de Cristina Kirchner depende do quanto Néstor Kirchner esgarçou o sistema socioeconômico do país. O Fator K argentino repousa no leito presidencial -sob sérias dúvidas se desfruta do sono dos justos.

O Cheiro do Ralo


Tá nervoso? Quer uma dica? Vá na locadora e tire o DVD - O Cheiro do Ralo; uma parceria entre o consagrado quadrinhista brasileiro Lourenço Mutarelli e o publicitário e cineasta Heitor Dhalia. Antes desse filme, os dois fizeram Nina.

O Cheiro do Ralo é a história de um obsessivo, um fascinado, um obcecado. Lourenço (Salton Mello que está muito bem no papel) compra bugigangas a preço vil, ele é um colecionador de velharias, um receptador e recebe em sua velha sala de um bairro decadente paulistano seus clientes. O filme mostra o desespero e a humilhação de quem vende e se desfaz de parte de sua história e o sadismo de quem exerce o grande poder de comprar. Lourenço, aparentemente, tem uma vida normal. Ele, superficialmente, é certinho, de óculos, bem vestido, noivo que come strogonof com batatas no jantar, anda sempre de sapatos e dirige uma veraneio que estaciona todo o dia no mesmo lugar a algumas quadras de seu local de trabalho, onde recebe as pessoas que querem vender bugigangas em troca de dinheiro. Quem quer dinheiro? Lourenço tem um imenso receio de que seus clientes pensem que o cheiro ruim que toma conta do ambiente é seu e para todos eles, sem exceção, ele diz. Tá sentindo esse cheiro? É do ralo, ali do banheiro. Tá com problema.

Um dos clientes - que quis vender um "Stradivarious" que Lourenço não comprou - descontou: se o cheiro é do ralo e você caga na privada, o cheiro é seu. Lourenço sentiu o golpe. E o cheiro começa a ficar cada vez mais forte e mais aguda se torna a loucura e a obsessão de Lourenço. Fascinado por seu pai que ele nunca conheceu e nem teve notícia, ele compra um olho, o olho de seu pai que assiste tudo. Lourenço é obsecado por bundas. Bundas sem caras, sem nomes, apenas bundas. Bundas que se vendem.

E o filme assim se desenrola até o desfecho final.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Choque de Civilizações e Salamaleques


Monitorando o blog do Bourdokan encontrei uma pedra no meio do caminho. Embaixo dela a seguinte mensagem:

Infidelidade ao Bom Senso

A Companhia das Letras acaba de lançar o livro Infiel, de Ayaan Hirsi Ali. Nascida na Somália, ex-deputada na Holanda e atualmente associada ao conservador American Enterprise Institute, Ayaan é a intérprete do islã de que precisam os arautos da “guerra de civilizações”. Para a revista Veja, por exemplo, “marcante no livro de Ayaan é o desassombro com que ela afirma cabalmente a superioridade dos valores ocidentais”. Mas antes de o caro leitor sair por aí todo cheio de gás para mais essa batalha do “mundo livre” contra o “mundo das trevas”, seria bom dar uma lida no sereno ensaio que Laila Lalami publicou em junho de 2006 na The Nation. Não é tão abalizado quanto a resenha de Veja, mas o que se há de fazer.

Maia fez o seguinte comentário:
Conheci alguns países muçulmanos e o que me chamou a atenção foi exatamente o choque de civilização. Samuel Huntington, esse intelectual tão vaiado pelo pensamento politicamente correto, não está tão errado assim. Definitivamente, a sociedade muçulmana tem outros valores, outra cultura, outra formação familiar, outra psiquê. E todas elas -- pelo menos as que conheci -- têm as mesmas graves características: são dominadas -- e exacerbadamente dominadas -- pela religião e -- o pior -- o fanatismo religioso. Desde o momento em que o vivente acorda -- quando o sol nasce -- começa a prática religiosa. É impossível não acordar com o cântico religioso que desperta todo o povo das cidades para a primeira reza do dia. Os microfones instalados nos minaretes das mesquitas repetem as mesmas rezas todos os dias. Volume máximo. O mundo muçulmano está longe de ser uma civilização moderna, pois dominado pelo preconceito sexual e é visível que aquelas sociedades carecem de valores democráticos na política, na família, na economia, na política. É uma sociedade onde o livre fluxo não existe, pois frequentemente interrompido pelo preconceito sexual e pela rigidez religiosa e política. O que vale é a palavra de Maomé -- e o pior -- a palavra de Maomé do século VII, sem tradução ou interpretação. É uma lei religiosa rígida como pedra que não admite flexibilizações. Maomé falou, tá falado, o resto é tudo pecado. E assim vive e respira o mundo muçulmano. E essa crítica tem que ser feita. É claro que a patrulha ideológica do pensamento politicamente correto não permite que se pense de outra forma sobre o mundo muçulmano, porque a ótica dominante é que aqueles países são assim, porque constantemente atacados pelo império americano e pelos israelenses. Quem pensa de modo um pouco diferente é tido como alienado, fascista, defensor da doutrina Bush e outros salamaleques. O maniqueísmo de sempre. Não li o livro dessa escritora somali, mas ela conseguiu erguer sua voz para mostrar a este imenso mundo como vive a mulher na Somália. E a patrulha ideológica de sempre acusa essa uma mulher muçulmana de fazer o jogo do ocidente. Trata-se de uma interpretação absolutamente restrita acerca de um problema maior. O mundo muçulmano tem sim outra cultura que deve ser respeitada, mas a democracia (este valor que não é burguês e nem ocidental) deve ser implantada nestes países. A mulher tem que ter sua voz e a religião não pode ser motivo para intolerância. Por isso o choque de civilizações -- que não é doutrina, mas constatação.

Evo Viu a Itália e disse: A Cocaína é problema de Vocês


Pesquei do diário gauche:

A cocaína é um problema de vocês – diz Evo

“Eu não defendo o narcotráfico. Defendo uma planta que na nossa cultura é benéfica pois ela ajuda a suportar a fadiga e a vida a 400 metros de altura. Nós não consumimos cocaína. Este é um problema de vocês. Nós consumimos uma infusão de folhas. Ou seja, as mastigamos, as usamos na medicina de base e, inclusive, fazemos uma torta”, afirma Evo Morales, presidente da Bolívia, em entrevista ao jornal italiano Repubblica, falando da folha de coca.
Evo Morales, em visita à Itália, também afirma que “a Venezuela foi o primeiro país a demonstrar toda a sua amizade concreta quando pela primeira vez na Bolívia foi eleito um presidente indígena. Temos uma situação econômica semelhante, ou seja, temos grandes recursos naturais e partilhamos alguns programas sociais como o da assistência sanitária gratuita das missões dos médicos cubanos e a prospectiva do socialismo. Por outro lado, sem a solidariedade do presidente Chávez eu não teria podido nem viajar para a Itália, pois ele me emprestou o avião presidencial para vir até aqui.”

Meu comentário:
Fantástico, o Chávez empresta avião público venezuelano para o Morales, presidente da Bolívia, ir para a Itália. Imagino a seguinte situação: se o FHC emprestasse o sucatão para o Fujimori viajar para a Itália, o que certa esquerda diria? Mas o Chávez pode, o Evo pode fazer esse tipo de ....... picaretagem. Eu gostaria de saber, com toda a franqueza, quem é que paga essa conta? 900 mil dólares cash foram apreendidos num avião locado pela PDVSA em Ezeiza, Bs.As., da onde saiu esse dinheiro? O assunto foi sumariamente encerrado, porque Chávez disse que aquilo é armação do império. São interrogações como essas que demonstram que a Venezuela vive um regime sem nenhuma transparência. O dinheiro circula ao redor da autoridade central que centraliza tudo e ele não presta nenhuma conta. E a família Chávez enriquece, seu irmão é ministro, todos estão empregados em cargos de governo e seus amigos e companheiros também. E o dinheiro público circula com desenvoltura, ajudando os companheiros de outros países. E a mídia que coloca em dúvida esse tipo de operação é qualificada de antiética, oligopolista e amoral.

O Segredo da Armada Espanhola


Os espanhóis estão bombando. Eles estão comprando tudo. Eles querem comprar o Brasil. Primeiro foi a ex estatal Telefónica de Espanha e sua marca Vivo e o portal Terra e que, recentemente, comprou a TIM dos italianos aqui no Brasil. Depois o Santander que comprou o ABN Amro , o Bilbao Vizcaya e a empreiteira OHL (que tem tido problemas nas obras licitadas na Espanha) que fez os melhores lances e abocanhou importantes rodovias no páis, em recente leilão, a primeira privatização da era Lula.

É a Armada Espanhola que vem de vento em popa para o Brasil, dizem.

A Armada Espanhola tem um segredo: o Estado espanhol, hoje governado pelos socialistas do PSOE, concede benefícios para empresas espanholas adquirirem empresas e vencerem licitações em outros países, segundo a Folha de hoje, esses estímulos concedidos pelo governo de Espanha chegam a representar 25% do total do investimento. A Espanha incentiva a internacionalização, dizem. Os benefícios para companhias que investem no exterior incluem desconto no IR e até verbas para viagens de negócios.

Existem ações na Comunidade Européia protestando contra esse incentivo do governo da Espanha para suas empresas, por práticas consideradas desleais em outros países da comunidade.

Os empresários brasileiros estão meio indignados com essa situção e apontam concorrência desleal. Leio na Folha que As companhias nacionais estão reunindo dados para apresentar ao governo um amplo levantamento mostrando que os espanhóis se beneficiam de práticas vistas como desleais, em investimentos realizados fora de seu país de origem. (...) A disposição do empresariado nacional é de denunciar a ação dos espanhóis ao governo, para que se discuta alguma iniciativa com o objetivo de neutralizar os benefícios da Espanha ou dar isonomia de condições às empresas daqui. (...) "Nós, empresas brasileiras, gostaríamos de ter as mesmas garantias e condições que as espanholas", diz Botarelli.Para Anselmo Lopes Rodrigues, superintendente do grupo agroindustrial Santa Elisa, "é um absurdo as empresas brasileiras terem condições piores do que as estrangeiras".O fato é que os empresários brasileiros estão preocupados com essa concorrência. A primeira manifestação pública denunciando a preocupação foi dada pelo empresário Fernando Arruda Botelho, da empreiteira Camargo Corrêa, na quinta-feira, na coluna de Mônica Bergamo, na Folha. Segundo ele, os espanhóis "vão arrebentar com os brasileiros".

Artigo Zeca Baleiro - O Rolo do Rolex

Porque hoje é segunda (odeio segunda) copio e colo o polêmico artigo do Zeca Baleiro sobre o Rolex do Huck, publicado na Folha de hoje. Só porque é segunda. E sobrou para o Reinaldo Azevedo....

O rolo do Rolex

NO INÍCIO do mês, o apresentador Luciano Huck escreveu um texto sobre o roubo de seu Rolex. O artigo gerou uma avalanche de cartas ao jornal, entre as quais uma escrita por mim. Não me considero um polemista, pelo menos não no sentido espetaculoso da palavra. Temo, por ser público, parecer alguém em busca de autopromoção, algo que abomino. Por outro lado, não arredo pé de uma boa discussão, o que sempre me parece salutar. Por isso resolvi aceitar o convite a expor minha opinião, já distorcida desde então. Reconheço que minha carta, curta, grossa e escrita num instante emocionado, num impulso, não é um primor de clareza e sabia que corria o risco de interpretações toscas. Mas há momentos em que me parece necessário botar a boca no trombone, nem que seja para não poluir o fígado com rancores inúteis. Como uma provocação. Foi o que fiz. Foi o que fez Huck, revoltado ao ver lesado seu patrimônio, sentimento, aliás, legítimo. Eu também reclamaria caso roubassem algo comprado com o suor do rosto. Reclamaria na mesa de bar, em família, na roda de amigos. Nunca num jornal. Esse argumento, apesar de prosaico, é pra mim o xis da questão. Por que um cidadão vem a público mostrar sua revolta com a situação do país, alardeando senso de justiça social, só quando é roubado? Lançando mão de privilégio dado a personalidades, utiliza um espaço de debates políticos e adultos para reclamações pessoais (sim, não fez mais que isso), escorado em argumentos quase infantis, como "sou cidadão, pago meus impostos". Dias depois, Ferréz, um porta-voz da periferia, escreveu texto no mesmo espaço, "romanceando" o ocorrido. Foi acusado de glamourizar o roubo e de fazer apologia do crime. Antes que me acusem de ressentido ou revanchista, friso que lamento a violência sofrida por Huck. Não tenho nada pessoalmente contra ele, de quem não sei muito. Considero-o um bom profissional, alguém dotado de certa sensibilidade para lidar com o grande público, o que por si só me parece admirável. À distância, sei de sua rápida ascensão na TV. É, portanto, o que os mitificadores gostam de chamar de "vencedor". Alguém que conquista seu espaço à custa de trabalho me parece digno de admiração. E-mails de leitores que chegaram até mim (os mais brandos me chamavam de "marxista babaca" e "comunista de museu") revelam uma confusão terrível de conceitos (e preconceitos) e idéias mal formuladas (há raras exceções) e me fizeram reafirmar minha triste tese de botequim de que o pensamento do nosso tempo está embotado, e as pessoas, desarticuladas. Vi dois pobres estereótipos serem fortemente reiterados. Os que espinafraram Huck eram "comunistas", "petistas", "fascistas". Os que o apoiavam eram "burgueses", "elite", palavra que desafortunadamente usei em minha carta. Elite é palavra perigosa e, de tão levianamente usada, esquecemos seu real sentido. Recorro ao "Houaiss": "Elite - 1. o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, especialmente em um grupo social [este sentido não se aplica à grande maioria dos ricos brasileiros]; 2. minoria que detém o prestígio e o domínio sobre o grupo social [este, sim]". A surpreendente repercussão do fato revela que a disparidade social é um calo no pé de nossa sociedade, para o qual não parece haver remédio -desfilaram intolerância e ódio à flor da pele, a destacar o espantoso texto de Reinaldo Azevedo, colunista da revista "Veja", notório reduto da ultradireita caricata, mas nem por isso menos perigosa. Amparado em uma hipócrita "consciência democrática", propõe vetar o direito à expressão (represália a Ferréz), uma das maiores conquistas do nosso ralo processo democrático. Não cabendo em si, dispara esta pérola: "Sem ela [a propriedade privada], estaríamos de tacape na mão, puxando as moças pelos cabelos". Confesso que me peguei a imaginar esse sr. de tacape em mãos, lutando por seu lugar à sombra sem o escudo de uma revista fascistóide. Os idiotas devem ter direito à expressão, sim, sr. Reinaldo. Seu texto é prova disso. Igual direito de expressão foi dado a Huck e Ferréz. Do imbróglio, sobram-me duas parcas conclusões. A exclusão social não justifica a delinqüência ou o pendor ao crime, mas ninguém poderá negar que alguém sem direito à escola, que cresce num cenário de miséria e abandono, está mais vulnerável aos apelos da vida bandida. Por seu turno, pessoas públicas não são blindadas (seus carros podem ser) e estão sujeitas a roubos, violências ou à desaprovação de leitores, especialmente se cometem textos fúteis sobre questões tão críticas como essa ora em debate. Por fim, devo dizer que sempre pensei a existência como algo muito mais complexo do que um mero embate entre ricos e pobres, esquerda e direita, conservadores e progressistas, excluídos e privilegiados. O tosco debate em torno do desabafo nervoso de Huck pôs novas pulgas na minha orelha. Ao que parece, desde as priscas eras, o problema do mundo é mesmo um só -uma luta de classes cruel e sem fim.
JOSÉ DE RIBAMAR COELHO SANTOS, 41, o Zeca Baleiro, é cantor e compositor maranhense. Tem sete discos lançados, entre eles, "Pet Shop Mundo Cão".

domingo, 28 de outubro de 2007

A Tropa de Elite do MST


Copio e colo, integralmente, matéria sobre Grupo de elite do MST que prepara as invasões no RS, a matéria é de Simone Iglesias, da Agência Folha de Porto Alegre.

Grupo de elite do MST prepara as invasões no RS
Com base em investigações e depoimentos de testemunhas, a Agência de Inteligência da Brigada Militar detectou a atuação de uma espécie de grupo de elite do MST, armado e encapuzado, durante invasões de fazendas no interior do Rio Grande do Sul.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) nega.
Segundo a Brigada Militar, grupo de aproximadamente dez homens armados faz batidas antes das invasões, geralmente de madrugada, para expulsar caseiros, capatazes ou famílias que estão no local. Esse grupo foge do local antes de, algumas horas mais tarde, chegarem os ônibus com famílias de sem-terra -carregando instrumentos de trabalho como enxadas e foices- para a invasão propriamente dita.
Um tenente da Brigada Militar, que preferiu não se identificar, afirmou que a polícia não consegue deter o grupo armado porque as propriedades invadidas são de difícil acesso, o que dificulta o flagrante. Segundo ele, os homens chegam armados com revólveres e espingardas, mas também pegam armas dos fazendeiros e capatazes.A presença desse grupo armado passou a ser investigada neste ano, a partir do relato de testemunhas. A atuação do grupo de elite limpa o terreno e facilita a entrada dos invasores, segundo a polícia, e ainda permite que os representantes do movimento digam que a tomada da fazenda foi feita por famílias desarmadas.O modus operandi descrito pela Agência de Inteligência é rejeitado pelo MST. O movimento nega que atue dessa forma ou que pessoas ligadas ao movimento entrem com armas de fogo nas fazendas. Os conflitos entre polícia, ruralistas e sem-terra vêm se acentuando no Estado neste ano. Ficaram feridos 33 sem-terra, 8 policiais e nenhum ruralista.

Limitação ao Direito de Greve dos Servidores


O STF impôs, a semana que passou, restrições ao direito de greve dos servidores públicos. As regras estão mais claras, é possível descontar os dias não trabalhados, é possível contratar imediatamente servidores para substituir os grevistas e aumentou o quórum para uma assembléia de servidores decidir pela greve.

Ricardo Antunes, um dos ícones mais respeitados pela nossa esquerda, titular de sociologia do Trabalho da Unicamp, está indignado com a decisão do STF que impôs restrições ao direito de greve no serviço público: O STF errou porque, ao restringir o direito de greve, não fez nenhuma restrição ao governo, obrigando-o a negociar. (Folha de hoje)

Afinal, que restrições poderiam ser impostas ao Estado para obrigá-lo a negociar?

E o advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, em entrevista à Folha, comemorou a decisão que deve reduzir litígios e conflitos.

Complementa: As condições têm de ser mais rigorosas, pois no setor público não se trata de greve do trabalho contra o capital. É a greve de um setor que presta serviço ao cidadão.

A França de Sarkozy conseguiu impor limites ao direito de greve dos servidores públicos e com apoio maciço da população.

É assim desde Cabral !


É assim desde Cabral." É dessa forma que Nelson Pellegrino (PT-BA) resume a desigualdade na liberação de emendas para parlamentares do governo e da oposição. "Eu era da oposição na Assembléia em Salvador e nunca tive emenda liberada, não era nem recebido em audiências", diz ele, que é pré-candidato a prefeito de Salvador.Neste ano, Pellegrino recebeu cerca de R$ 850 mil em emendas de 2005 e diz ainda estar "garimpando" verbas relativas àquele ano.


O Brasil não pode dar certo. Aqui, prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme e traficante se vicia". (Tim Maia)

sábado, 27 de outubro de 2007

Artigo - Zé Pedro Goulart - Tropa de Elite


Como hoje é dia de copia e cola, vai aqui um artigo do Zé Pedro Goulart, publicado hoje na Zero Hora. Para quem não sabe, para quem é de fora; Goulart é um dos grandes nomes da nova crônica gaúcha. Ah, o assunto é o mesmo, o filme Tropa de Elite.

Tropa da Elite
José Pedro Goulart

Ok, você está cheio desse assunto; já leu a respeito, discutiu com os amigos, debateu no trabalho, na sala de aula, enfim. Bom, se é o seu caso, procure outras matérias, eu não vou me importar. Eu vou é botar a minha colher torta nesse bolo que, aliás, vem recheado com muita coisa, menos farinha.

Estou no shopping (onde mais poderia estar?), assistindo ao filme em questão. Há fúria na tela. Na platéia, 70% de adolescentes estão imersos nessa fúria. A música urra: TROPA DE ELITE PEGA UM, PEGA GERAL, TAMBÉM VAI PEGAR VOCÊ - é punk, voz metaleira; o som dolby estéreo amplifica os tiros, os gritos. Atrás de mim, um garoto de 16 repete alguns diálogos - quantas vezes terá ele visto o filme para isso?

O capitão Nascimento, o mocinho do filme, se culpa, se justifica, se purifica. Nessa ordem. O nome do capitão é Nascimento, veja só, e no filme ele espera o nascimento de um filho. E também torce para que nasça um novo capitão Nascimento. E o Tropa de Elite vê "nascer" um ideário de força e repressão que andava latente - mas contido - junto à população.

No Rio, um grupamento do BOPE passa em treinamento perto da praia. A galera pára o que está fazendo e se vira para aplaudir. No cinema, em várias sessões, foram testemunhadas verdadeiras ovações no final. Gritos de "caveira!!" foram ouvidos em outras. Parte da população vê no filme um modo de desatar o nó da questão da insegurança no país: é isso, é preciso reagir com força.

O capitão Nascimento tem métodos discutíveis? Ok, mas o próprio filme começa dizendo que a ação das pessoas depende das circunstâncias. E as circunstâncias no filme estão sempre justificando o arbítrio, a esquematização simplória entre um lado e outro. Os autores avisam que o filme apenas coloca a problemática nas telas, e que o personagem vivido pelo Wagner Moura não é herói.

Mas é mentira.É evidente que o filme glorifica o capitão Nascimento. Sujeito leal à corporação, incorruptível, que chega a brigar com a mulher quando se vê tomando uma decisão errada - por influência dela - e um companheiro morre. Sujeito capaz de se enternecer diante de uma mãe que não pode velar o filho morto (então invade a favela e, em troca de alguns sopapos, desenterra o corpo). Nascimento "é" o filme, sua alma, sua justificativa. É por causa dele que o BOPE é aplaudido na rua. E é por causa dele que a polícia se sente liberada de atirar em bandidos correndo em um descampado de dentro de um helicóptero. É por causa dele, pela admiração que provoca, que o menino de 16 anos, atrás de mim no cinema, repete os diálogos do filme.

A população baba, esbraveja, acompanha: Caveira!!Tropa de Elite aponta: a culpa é do sistema! O sistema que cria policiais corruptos, o sistema que amordaça e impede que se saia dele. ONGs de mentira, passeatas pacifistas fajutas, jovens de classe média alta sustentando o tráfico. É o sistema. Contra ele, a farda, a lógica da repressão e da tortura, a elite da tropa - só a elite é incorruptível. Já vimos esse filme nesse país. Será preciso reprisá-lo? Aliás, os produtores reclamam que o filme foi pirateado antes de chegar aos cinemas. Ótimo. A pirataria é um furo no sistema, ué. Só que num outro sistema - esse outro que o filme aparentemente desconsidera. Um sistema que cria sub-sistemas, como o da corrupção da polícia. Um sistema permanentemente cioso de suas razões. Um sistema do qual eu e você fazemos parte, aliás; que precisa, necessita, torce e luta por uma Tropa de Elite que o proteja. E o mantenha.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A Copa de 2014 é Nossa


Vai ser ótimo para o Brasil sediar a Copa de 2014. Ótimo porque o país vai ser obrigado a investir em infraestrutura. E este país precisa - urgentemente - construir novas instalações, melhorar suas rodovias, rodoviárias e aeroportos, estádios moderníssimos, construir ferrovias, metrôs, facilitar os acessos e melhorar a qualidade dos fluxos de transportes e comunicação. O violento Brasil precisa, também, controlar a violência. Chamem o capitão Nascimento.

Pequim vai sediar as olimpiadas de 2008. Sabem quantas obras estão sendo realizadas na capital da China? 3 mil obras. Segundo a Revista Terra: "Com arquitetura delirante, chineses têm guindastes gigantescos que se movimentam 24 horas por dia, 7 dias por semana, esculpindo uma floresta de concreto com uma voracidade jamais vista na história moderna".

A desenvolvida Alemanha (meu paradigma de país) sediou a Copa de 2006 e muita obra de infraestrutura foi feita, foi erguida. Uma copa do mundo, uma olimpiada atrai muiiiito investimento, faz circular capital, prédios são construídos, hoteis, alojamentos, habitações, viadutos, além das reformas e melhorias em todos os sentidos. Isso tudo é investimento, são valores que agregam na própria sociedade e, dependendo do resultado, se os turistas gostarem do nosso povo, da nossa comida, da nossa hospitalidade, dos nossos pontos turísticos e eles não se sentirem ameaçados pela onda de violência, eles voltam e outros vão voltar. E o Brasil pode -- a partir da Copa de 2014 -- construir nosso futuro. É só seguir o caminho que já foi percorrido por outros países.

(a foto acima é da futura Arena do Grêmio, o imortal tricolor, onde vão ocorrer os jogos da Copa de 2014 em Porto Alegre)

Marvada Pinga


Lula hoje largou a seguinte pérola:

"Imaginem que, logo, logo vocês vão estar todos utilizando carro, que não precisa mais beber nada porque vocês vão estar com o álcool tocando o motor de vocês. Então, vai diminuir a bebida pelo uso de álcool no motor do carro",

A Lei de Maia


Eu já fui acusado aqui de ser o ditador deste blog e agora estou sendo acusado de ser o idealizador, o mentor da Lei de Maia. Pesquei isso do blog - bom de pescar - diário gauche em mensagem postada pelo Sr. Jorge Vieira:

Estou lançando, mas copiando do blog do Nassif, e sem a licença do blogueiro a quem peço desculpas, a seguinte lei como se fosse do campo da física:

A LEI DE MAIATudo o que acontece de errado, ilícito, cru, frio ou calor, faça sol ou faça chuva, da Mongólia até a Ilha de Páscoa, passando por latitudes ou longitudes, é culpa, que transitou em julgado, dos seguintes atores, isolados ou em conjunto: PT, MST, FIDEL, EVO MORALES, CHAVES e IDEOLOGIAS CADUCAS.Aceito colaborações para melhorá-la, pois não sou físico.

Carlos Eduardo da Maia disse...

O que eu questiono, pessoal, no pensamento da nossa gauche latino americana são as propostas para um mundo melhor e possível. E não é possível construir um mundo melhor sem a participação efetiva da esquerda. Como disse o Mino Carta, está na hora da nossa esquerda sepultar o ranço marxista leninista e pressionar, com muito mais inteligência, os donos do poder deste país. O governo do PT que está no planalto tem feito isso, sem ranços, sem ressentimento e com espírito de convergência e de democracia (que não é valor burguês). É mesquinharia, com todo o respeito, ficar criticando o homem branco de rolex. Deixa o homem branco usar seu rolex. O Brasil não vai melhorar a qualidade de vida deste povo limitando bens de consumo. Tem que abrir o fluxo para democratizar cada vez mais este país e deixar de lado o pensamento caduco que faz sim muito barulho para fazer valer uma demagogia barata. Querem exemplo disso, a reforma da previdência que deve e deveria ter sido feito há muiiiito tempo e que o PT era contra e quando governo foi a primeira coisa que fez. Outro exemplo de pensamento caduco é essa onda absurda contra os OSCIPs que não tem nada a ver com privatização. O que eu critico no pensamento de certa esquerda é que ela gosta de enganar, manipular e fazer demagogia para defender o corporativismo de alguns. Que bom que o PT mudou. E essa mudança não tem volta.

Direito Adquirido à Acumulação


Gente, uma perguntinha: para que serve um Tribunal de Contas? Ora, bolas, para fiscalizar e controlar as Contas dos entes públicos. Um auditor, um fiscal do Tribunal de Contas deve sim ganhar bem. Aliás, qualquer auditor, qualquer fiscal público deve ganhar bem. Mas no TCE do RS 130 "iluminados" ganham acima de 22 mil por mês. Pode uma coisa dessas? Essas pessoas, insisto, devem ganhar bem, mas nunca um valor abusivo.

O que geralmente ocorre é a mesma história: o vivente ficava num cargo, por cedência, por um ano ou dois anos e acumulava esses valores integrando-os aos seus vencimentos e assim ia, como bola de neve, acumulando, acumulando, integrando e integrando vencimentos.Até que um belo dia, o tempo necessário à aposentadoria chega e todas essas acumulações e integrações são automaticamente transferidas para os proventos. E haja IPERGS. Como o Estado é de todos e os governantes fizeram vista grossa, ninguém quis mexer nesse vespeiro, nesse formigueiro de acumulação de valores. Assim essa anormal situação foi atingida pelo direito adquirido. Por isso que o RS -- que gasta 72% de sua receita líquida em salários, aposentadorias e pensões -- está na situação que está.

Mas tudo isso vai ser resolvido na Justiça. Os dignos desembargadores do TJRS -- que estão brigando com Dona Yedinha -- é que vão dar a decisão. Mas vai haver recurso para Brasília. Podem crer.

Cortando onde tem que Cortar

Repito, esse blog não tem nenhuma intenção de ser chapa branca de ninguém, mas não pode ficar calado diante das boas intenções. O governo de dona Yedinha, RS, resolveu fazer o que deveria ter sido feito há muiiiito tempo. Cortar os salários de quem recebe mais de R$ 22, 1 mil. É muita grana para uma pessoa só e quem paga essa conta somos nós.

A Rosane de Oliveira, colunista da ZH, apresentou em sua coluna de hoje um levantamento feito em dezembro de 2006 que mostra que o RS tinha 233 servidores públicos, entre ativos, inativos e pensionistas, ganhando mais de R$ 22.111,25.

Veja a distribuição por faixa:

De R$ 21,1 mil a R$ 24,5 mil - 168
De R$ 24,5 a R$ 28 mil - 31
De R$ 28 mil a R$ 31 mil - 18
De R$ 31,5 mil a R$ 35 mil - 8
De R$ 35,1 mil a R$ 38,5 mil - 6
De R$ 38,5 mil a R$ 42 mil - 1
R$ 52 mil - 1

Esse valor, somado ao R$ 1,6 milhão que o Executivo pretende economizar com os cortes anunciados ontem, equivale a tudo o que governo investiu em recursos próprios neste ano.


quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Democracia Ocidental (Monitorando Bourdogan)


Do Blog do Georges Bourdogan que me foi indicado pelo diario gauche, pesquei a seguinte mensagem:


Democracia ocidental.

Na França imigrante só entra depois de realizar exame de DNA. Nos Estados Unidos não há mais habeas-corpus, o que dá a qualquer policial o poder de prender o cidadão se não for com a sua cara. Na Inglaterra, suspeito é eliminado a bala. Na Suíça está proibida a construção de mesquitas. E Fidel Castro e Hugo Chaves é que são ditadores.


Comentário do Maia:


A França, EUA, Inglaterra podem ter seus deslizes democráticos, mas são países onde se respira liberdade, pode se dizer o que quiser e ninguém é preso, executado ou vitimado e vaiado pela patrulha ideológica. É complicado recortar uma notícia de jornal e generalizar e depois fazer comparações bizarras e simplistas, como fez o blogueiro de origem armênia. Hoje o Emir Sader elogiou a revolução cultural chinesa como um grande momento da história da humanidade. Tem gosto para tudo. Nenhum país, nenhum estado nacional, no mundo de hoje, se habilita ser depósito de imigrantes. Os países impõe limites à imigração. E esses limites são amplamente discutidos e apoiados pela maioria da população pelo voto universal. Por isso Sarkô foi eleito na França. Que Fidel é ditador é inegável e que Chávez está indo pelo mesmo caminho, também é inegável e as populações destes dois países continuam reféns da mesma pobreza de sempre. Infelizmente. Já, nos EUA e na Europa ocidental, a população já goza de uma muito melhor qualidade de vida e de liberdade que as populações periféricas querem também usufruir, mas não nos seus países, por diversos e injustos motivos e por isso a imigração que está sendo contida pelos países desenvolvidos. Este é ciclo que pode muito bem ser cortado por uma globalização mais justa, melhor e possível. Mas enquanto o troglodita estiver no poder no país da grande riqueza que financia tudo, a humanidade caminha em compasso de espera.

(Acima uma bela foto do monte ararat na Armênia)

Emir mostra seu lado e seus dentes


O Emir Sader se superou hoje em seu blog no Carta Maior. Ele escreveu um artigo elogiando o livro editado pela Boitempo (a editora de sua esposinha) do Victor Serge que escreveu o Ano I da Revolução Russa. E o artigo é carregado de elogios a respeito daqueles tempos heróicos e mágicos dos primeiros anos da revolução.

No final, Emir diz o seguinte:

Os tempos heróicos descritos por Victor Serge em seu livro servem para sentirmos de perto os sonhos, os dramas e os impasses que um processo revolucionário contém no seu bojo. São os momentos em que a história está mais perto de ser definida pela ação consciente dos homens. Não por acaso a Revolução Francesa, a Revolução Russa, a Revolução Cultural chinesa, a Revolução Cubana foram incorporadas definitivamente ao acervo dos maiores momentos da História da humanidade. Momentos em que os homens e as mulheres puderam tomar o céu por assalto.

O Emir elogiar a revolução francesa, russa e cubana é absolutamente normal. O Emir gosta e muito do Fidel e não o considera um ditador. Tem gosto para tudo. Mas o Emir elogiar a revolução cultural chinesa é dose para elefante, mamute e dinossauro (tudo junto ao mesmo tempo agora) É a primeira vez que eu vejo um intelectual (Emir é um intelectual?) de esquerda ter a coragem de elogiar a revolução cultural chinesa. Hoje a gente sabe de que lado Emir está.... E é bom saber.

Já pensaram, Camaradas, se o Emir tomar o poder do planalto e lançar um livrinho vermelho impondo "boas maneiras"?

"Mais de Cem Crianças Marchando"


No blog do Guga, gremistão e chavista, eu pesquei uma mensagem do MST sobre os recentes acontecimentos lá em Sarandi. O MST quer invadir a Fazenda Coqueiros, dos Guerra. E parece que vai ter guerra. Mas o que me chamou a atenção é que nessa marcha do MST existem mais de cem crianças. Cem crianças! Elas não deveriam estar na escola? nas creches? Por que elas estão marchando?????

A mensagem do MST é a seguinte, ela é bem fresquinha, é de ontem.

COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS,
Após 40 dias de marcha rumo a Fazenda Coqueiros, que reivindica a desapropriação deste latifúndio de 9 mil hectares e o assentamento de 2.500 famílias no Estado, o impasse prossegue. Primeiro, que foram apresentadas alternativas por parte do governo, pois até o momento nenhuma família foi assentada. O governo federal também não se manifestou em torno da desapropriação da Fazenda Coqueiros, na região Norte, e da Fazenda Southall, em São Gabriel.Além disso, a Justiça, através da juíza de Carazinho, apresentou como alternativa um interdito proibitório que tira o direito das famílias Sem Terra ingressarem nos municípios próximos de Carazinho. Na segunda-feira (22), uma comitiva de parlamentares e apoiadores da reforma agrária foram pedir à magistrada que permitisse a passagem dos Sem Terra, que estão em seu direito de reivindicar. No entanto, a juíza manteve a decisão do interdito.Nesta quarta-feira (24), uma das colunas, ao tentar prosseguir marchando para reivindicar das autoridades a Reforma Agrária, foi barrada pela Brigada Militar que trancou a BR-386, lançou bombas de efeito moral e balas de borrachas contra os marchantes, entre estes mais de 100 crianças, ferindo alguns Sem Terra. A Brigada Militar trancou a rodovia desde as 11h.Amanhã, dia 25, às 14h, espera-se uma audiência em Passo Fundo, convocada pelo Ministério Público, onde convocou Sem Terras e órgãos do governo (Casa Civil, Secretaria de Direitos Humanos, MDA, INCRA), para que estes apresentem alternativas para o impasse.Outro fato importante foi a criação, na semana passada, da 4º coluna. Movimentos sociais e entidades de apoio à Reforma Agrária, que lançaram a coluna, seguem para Coqueiros do Sul na sexta-feira, onde farão visita ao prefeito e autoridades. As outras duas colunas se encontram em Passo Fundo e outra em Vitor Graef, há menos de 20km de carazinho.Abraços e boa luta a todos e todas.

Secretaria Estadual MST-RS
Reforma Agrária:Por Justiça Social e Soberania Popular.

O Drogado Branco que usa Rolex e que não é Hipócrita


A Fundação Getúlio Vargas (FGV) ontem divulgou uma pesquisa que aponta que 62% dos consumidores declarados de drogas no País pertencem à classe A.

Este segmento representa apenas 5,8% da população brasileira. O estudo mostra ainda que 85% dos usuários são brancos, grupo que compõe 53% da população total no Brasil. A informação é do diario gauche. que deu uma de diario gaúcho ou de imprensa marrom e alardeou No Brasil quem usa drogas é branco que usa rolex.

Continua o gauche:
Os dados levantados indicam que 86% dos consumidores declarados de drogas têm entre 10 anos e 29 anos. Entre os pesquisados que se declararam usuários de drogas, 99% pertencem ao sexo masculino. O estudo mostra ainda que 30% dos usuários freqüentam a Universidade, contra apenas 4% da população brasileira. A maioria dos usuários declarados de drogas, no entanto, freqüentam o Ensino Médio (54%). A pesquisa "O Estado da Juventude: drogas, prisões e acidentes", utilizou como instrumento a pesquisa mais atualizada de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a FGV, o dado de quem se declara consumidor declarado de drogas deve ser interpretado como resultado da interação entre as despesas com drogas e a propensão a declará-la.
O estudo da Fundação Getulio Vargas levou em conta quatro tipos de droga: maconha, cigarros de maconha, lança-perfume e cocaína.
......
O personagem protofascista (estou dizendo que o personagem é protofascista, não que o filme seja protofascista) Capitão Nascimento já canta essa pedra no Tropa de Elite.

Comentário do dono dessa geringonça aqui:

O próprio texto divulgado pela FGV demonstra que essa pesquisa está para lá de torta. Na verdade, é uma pesquisa sobre a hipocrisia, porque apenas consultou e contabilizou consumidores DECLARADOS de drogas. O que se pode, também, interpretar é que os "brancos que usam rolex", então, são menos hipócritas do que outras castas deste Brasil que não declaram serem usuários de drogas. Se a FGV perguntasse para dez malucos da turma do Baiano, que domina o tráfico lá no alto da Favela, se eles consomem drogas, todos responderiam, com olhos esbugalhados e pupilas dilatadas, o mesmo jogral: tá maluco, doutor, nois, aqui? nunca.

OSCIP não é Privatização é Racionalização


Este blog não tem a intenção de ser chapa branca do governo Yeda, mas é fundamental que a sociedade gaúcha e brasileira saiba o que é uma OSCIP (organizações da sociedade civil de interesse público). A intenção do governo Yeda é transformar diversas entidades (teatro São Pedro, OSPA, TVE, FM Cultura) em OSCIP. A impiedosa e truculenta oposição diz que isso é privatização. Será?

Para bem esclarecer o assunto, copiei e colei abaixo o artigo do Fernando Schüler, que é um carinha muito inteligente, secretário da Justiça e Desenvolvimento Social do RS. Este artigo pesquei do site do Diego Casagrande. O artigo é muito bom e esclarecedor. Recomento a leitura integral. Concordo com ele e não acrescento nenhum ponto e nenhuma vírgula.

Um Novo Consenso
Fernando Schüler
No final dos anos 80, o Estado brasileiro chegou a controlar 258 empresas estatais. O governo produzia aço, aviões, minério, computadores, distribuía telefones e atuava no ramo supermercadista. Hoje há um reconhecimento de que não é este o papel do governo. Governos devem gerar políticas públicas e coordenar processos de desenvolvimento. Devem gerar ambientes favoráveis ao empreendedorismo e aos investimentos e fazer com que as instituições funcionem. Em particular, devem assegurar que haja justiça social, através de programas focalizados naquelas pessoas e famílias que foram deixadas para trás na loteria social e no jogo do mercado. Em uma palavra, houve uma especialização das funções a serem exercidas pelos governos. Isto ficou claro no primeiro movimento da reforma do Estado, nos anos 80 e 90, cuja pedra de toque foi o processo das privatizações.

No Brasil, ainda que tenhamos iniciamos o processo com atraso e não o tenhamos completado devidamente, o processo ocorreu com relativa velocidade: passamos de 258 para 93 empresas estatais controladas pela União entre 1988 e 1998. Os anos 90 foram anos de avanço. Estabilizamos a economia, iniciamos um processo de reforma da Previdência, desenhamos o processo da reforma do Estado e aprovamos a lei da responsabilidade fiscal. Se as privatizações foram a marca por excelência deste primeiro movimento da reforma do Estado, hoje vivemos uma segunda grande onda deste mesmo processo: o movimento de contratualização da prestação de serviços não exclusivos de Estado com o terceiro setor. O nome que se lhe atribui é sugestivo: a publicização.

Trata-se de um novo processo de especialização das funções na esfera pública. Governos, por diversas razões, não são bons gerenciadores de serviços públicos diretos e complexos, como hospitais, universidades, museus, orquestras, TVs educativas, centros de pesquisa, parques ambientais e instituições de assistência social. Não demorará para que isto seja objeto de um amplo consenso na sociedade brasileira, assim como hoje o é a convicção de que o Estado não é um bom gestor de fábricas de aviões e supermercados.

Há boas razões a favor da deste processo de especialização das funções dos governos. Uma delas é a focalização da ação dos governos. Governos devem buscar o nível máximo de excelência no cumprimento das chamadas funções exclusivas de Estado – funções judiciárias, segurança pública, fisco, fiscalização, regulação, formulação de programas de desenvolvimento e de promoção da justiça social. Para isto deve recrutar e treinar quadros especializados nas chamadas carreiras de Estado. Deve apostar firmemente na formação de quadros de alta administração pública. Em número reduzido, mas bem pagos e com contratos de exclusividade.

Para isto é importante manter uma boas escolas de Governo, como as que funcionam em Brasília (ENAP) e em Minas Gerais (Fundação João Pinheiro). Outra razão é a proteção contra os pequenos interesses do sistema político e a oferta de estabilidade na gestão das organizações prestadoras de serviços públicos. Imaginemos o seguinte: qual a empresa que consegue prosperar mudando toda a diretoria a cada 4 anos ou menos?

Imaginemos mais: que boa parte dos diretores contratados quase nada entende do negócio, sendo recrutada por afinidades partidárias ou interesses eleitorais. Qual é o resultado esperado de uma situação dessas? A resposta parece evidente, e é precisamente assim que acontece no sistema tradicional de gestão estatal. Isto ocorre não por que falta sensibilidade ou inteligência a nossas lideranças políticas. Ocorre por que as regras do jogo autorizam e incentivam este comportamento.

Se não mudamos as regras não há porque imaginar que algo sairá diferente no futuro. No modelo de contratualização através das OSCIPs, organizações da sociedade civil de interesse público, o Governo estabelece termos de parceria, com organizações privadas sem fins lucrativos, devidamente qualificadas, transferindo a gestão (parcial ou integralmente), de órgãos prestadores de serviços de interesse público (e não de atuação exclusiva do Estado), e aporta recursos para o financiamento destas organizações contra a fixação de metas a serem cumpridas e critérios para avaliação de desempenho.

A partir daí, estas organizações passam a dispor de autonomia de gestão, devendo ampliar suas fontes de financiamento e buscar permanentemente ganhos de produtividade, de modo que se possa, gradativamente e com responsabilidade, diminuir o aporte relativo de financiamento direto do Estado em cada contrato, de modo que os recursos públicos possam ser melhor aproveitados para o financiamento de mais serviços e políticas públicas nos diversos setores e regiões que demandam investimentos.

Recursos orçamentários, por vezes esquecemos, são escassos. Se concentramos todos os recursos para sustentar 100% do custo de um pequeno conjunto de autarquias e estruturas estatais, obviamente perdemos a capacidade de financiar um outro conjunto de organismos e programas que teriam a mesma ou maior prioridade de atendimento.

O resultado esperado do modelo é a profissionalização da gestão pública: de um lado, o Governo se especializa nas tarefas de definição de políticas públicas, especificação de metas e indicadores, bem como no acompanhamento dos contratos de gestão e termos de parceria; de outro, as organizações especializam-se na gestão das diversas organizações setoriais, com as vantagens da administração privada e as garantias dos controles e atendimentos das finalidades públicas.

Trata-se de um modelo que não pode mais ser considerado como experimental, em nível nacional. Ele já funciona, com grandes resultados, em diversos Estados.

No Estado de São Paulo, uma rede hoje com 20 hospitais já são administrados, desde o início da década, a partir deste modelo, com produtividade média 42% superior aos hospitais gerenciados no modelo tradicional-estatal.

Também na área da cultura, 12 organizações administram equipamentos culturais exemplares para o País, como é o caso da Pinacoteca do Estado de São Paulo e da OSESP, Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, reconhecida como a melhor orquestra sinfônica da América Latina. A Governadora Yeda Crusius enviou para a Assembléia Legislativa o Projeto de Lei que institui o marco legal das OSCIPs no Rio Grande do Sul. Trata-se de uma atitude de grande significação para a modernização do setor público gaúcho. Boa parte da crise fiscal que hoje enfrentamos deriva do modelo de gestão que adotamos, nas últimas décadas, e da nossa falta de coragem e visão estratégica para mudar quando era necessário mudar. Agora é mais do que necessário e, em especial, possível mudar. Não há por que desperdiçar esta chance.

De Olho bem Aberto


Fabiano Maisonnave que é correspondente da Folha em Caracas faz uma interessante análise da estratégia de Chávez para a aprovação política dos parlamentos do Brasil e do Paraguai para a entrada da Venezuela no Mercosul. As questões técnicas ficam de lado. O que importa é o lado político. O Brasil tem que estar de olho e olho bem aberto.
Diz a Folha:
A eventual aprovação definitiva da entrada da Venezuela no Mercosul se adequaria à estratégia chavista de insistir na aprovação política e deixar questões técnicas para depois. Essa tática foi usada no Banco do Sul, formalizado antes de ter um desenho final. Em ambos os casos, tem havido a condescendência do governo Lula.Por (falta de) iniciativa venezuelana, as negociações técnicas estão congeladas. A última reunião, que ocorreria em Brasília em 21 de setembro -um dia após o encontro entre Hugo Chávez e Lula, em Manaus-, foi cancelada pelo governo venezuelano.Na época, a desculpa dada foi a falta de lugar em vôos. Mais de um mês depois, não há sequer uma nova data para a reunião.O Itamaraty considera a falta de avanços na parte técnica um sinal ruim, mas vê a questão como um falso dilema. Prefere apoiar a entrada do país no Mercosul para manter o crescimento das exportações, de US$ 608 milhões, em 2003, para US$ 3,6 bilhões no ano passado.Como as exportações venezuelanas são irrisórias, as negociações tarifárias trazem um risco mínimo ao Brasil. Por outro lado, a assimetria no comércio é vista em Caracas como uma séria ameaça à frágil produção não-petroleira venezuelana caso o país ingresse no bloco.Se o aspecto técnico requer cautela, a negociação política é mais urgente. Apesar de falar que o "velho Mercosul" não interessa, Chávez está em posição delicada. A Venezuela não pertence a nenhum bloco econômico. No momento em que Chávez impulsiona um regime cada vez mais autoritário, qualquer sinalização de isolamento lhe será prejudicial.

Charge do Glauco na Folha de hoje.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O Gabeira e a Tropa


Abaixo opinião do Gabeira sobre o Tropa de Elite (continuo abduzido). Gabeira, como bem se sabe, é a favor do "legalize".

Depois do filme Tropa de Elite há uma grande carga contra usuários de droga. Eles seriam os culpados da urbana, sócios dos traficantes. A partir do próprio filme, surgiu a figura do estudante da PUC que lê filósofos franceses. Nos EUA, universitários leram os franceses, embora tenha sido moda passageira. Também fumam seu baseado. No entanto a tática americana é a de prender; as cadeias estão superlotadas de acusados de uso de droga.Há um certo ressentimento social, já presente no livro Elite da Tropa, contra o play boy responsável por tudo isto, na visão do soldado da PM. É da mesma natureza do ressentimento contra os que usam Rolex e reclamam por serem roubados. Com a diferença essencial: os roubados estão dentro da lei, os fumantes contra ela.A suposição de que as campanhas de fundo moral resolvem, subestima a capacidade de um trabalho de inteligência policial e dos grandes avanços tecnológicos.

A Civilização Ocidental e Cristã

Pesquei do interessante blog argentino civilización y barbarie a imagem acima de Leon Ferrari.

A obra se chama civilização ocidental e cristã e esse trabalho é de 1965.

Abduzido e Tirando as Luvas de Pelica

O dono deste blog foi incorporado (ou abduzido) pelo filme Tropa de Elite. Foi uma espécie de disco voador que passou por ai que carregou meu corpo e minha alma para algum lugar. E, talvez, por isso, eu tenha esquecido de usar a minha sagrada luva de pelica para atirar a santa pedra no pensamento das idéias caducas.

E, como hoje é quarta --dia de monitorar a blogosfera -- eu me deparo com uma crítica feita diretamente a mim, no blog (bom de pescar) diario gauche, feita pelo Eugênio Neves do blog Dialógico.

Lancei uma mensagem no diario gauche dizendo o seguinte:
No Vietnam os americanos entraram em combate para impedir o governo vermelho vietcong. No Iraque eles conseguiram derrubar o governo do Saddam e estão tentando administrar a caótica situação, dando proteção (assim como fazem os brasileiros no Haiti) ao atual governo iraquiano. Os iraquianos - sunitas, xiitas, pró saddam, contra saddam, curdos, pró Al Qaeda, pró e contra o governo -- estão se matando. Muito poucas das mortes contabilizadas ocorreram por fuzis americanos. O exército americano está dando guarida ao governo iraquiano que é contestado por muita gente, sobretudo os radicais. Eu também acho, que os americanos devem sair do Iraque, mas se isso ocorrer, será que o governo ali instalado vai conseguir sobreviver?

O Eugênio Neves veio com essa pérola:

"recomendo a eles q dêem uma passadinha lá no cais do porto, na Bienal, e vejam uma expo de fotos documentais sobre a guerra do Vietnam. Ali já está exposta a barbárie das tropas de ocupação ianques, a tortura, enfim, todos os "ingredientes" disso q está acontecendo no Iraque, e q causaram surpresa aos, esses sim, "velhinhas de taubaté". Uma foto em particular me chamou a atenção. É a de um mariner com ar debochado, q segura, literalmente, restos humanos, o q sobrou de um vietnamita. Vou fotografá-la e sugerir que vc a publique no blog. Aí poderíamos adotar a seguinte sistemática: quem quisesse poderia enviar fotos dos seus parentes, mães, irmãos, filhos e aí eu recortaria a carinha deles (acreditem, sou bom nisso) e colaria na do vietnamita, ou no q sobrou dele, num simulacro macabro daquelas fotos q se tira em parques d diversões. Quem sabe, assim, alguns canalhas, charlatões-da-boca-do-lixo-vendedores-de-elixir-milagroso q freqüentam esse blog, vendo ali um ente querido, arrefeçam seu cinismo e entendam a dor alheia.No mais, meu caro Cristóvão, me pergunto o q devemos mais aturar em nome da pluralidade e da liberdade d expressão? Pois veja: "A imensa maioria dessas ví­timas e mortes de guerra não foi causada pelo exército americano, mas pela guerra existente entre os próprios iraquianos"..."Muito poucas das mortes contabilizadas ocorreram por fuzis americanos. O exército americano está dando guarida ao governo iraquiano que é contestado por muita gente, sobretudo os radicais". Belos "argumentos". Eu acrescentaria a eles mais um: a escravidão negra não foi inventada pelos brancos, pois ela já existia na África. Pronto!!!!! Está tudo moralmente legitimado! Mesmo abrindo espaços para esse tipo de coisa, somos as "velhinhas de taubaté" os "scholars de esquerda" que ñ enfrentam "a história de acordo com os fatos" e sim "com o preconceito." Será q nós precisamos d bobos da corte para medir a nossa credibilidade? Será q precisamos do contraponto da insanidade para aquilatar a nossa razão?

Comentário do Maia, abduzido por uma tempestade chamada Capitão Nascimento e, pois, digitando sem luvas de pelicas:

O Eugênio faz parte exatamente daquela aula de sociologia da Tropa de Elite que simplifica e relativiza pela mediocridade a discussão de tudo. Tudo é culpa dos ricos, dos exploradores, dos poderosos, dos brancos, da mídia oligopolista. Eugênio, a década de 60 já passou! Os Foucault da vida se perderam nos escuros labirintos da favela dominada pelo trafico da badidagem, como se os Iraques da vida tivessem apenas um problema: a invasão americana. Como se os Afegães adorassem o antigo regime Taliban. Nada é tão simples assim. Ou a gente discute seriamente os problemas mundiais com ponto e contraponto ou a gente vai seguir cantando o jogral da religião do pensamento único politicamente correto, medíocre e prolixo. A escolha é sua.

Tropa de Elite - Que lado você está?


Finalmente assisti ao Tropa de Elite. O filme é muito bom e somente a mentalidade caduca pode achar que Tropa de Elite é fascista, reacionário e uma apologia à polícia e a tortura. O capitão Nascimento aponta seu calibrado fuzil para a cabeça de todos os brasileiros e pergunta: Que lado você está: da polícia ou da bandidagem? Não existe meio termo. Ou o vivente está do lado da lei, da polícia, da ordem ou está do lado do tráfico, da bandidagem e quem compactua com isso é bandido. O filme é um tiro na alma do pensamento politicamente correto e que considera que tudo é problema de "consciência social". Por esses motivos, como disse o Reinaldo Azevedo da Veja, o Capitão Nascimento consegue parar o bonde de Foucault e qualquer tipo de relativismo sobre um problema crucial: enquanto não se fizer alguma coisa realmente efetiva, concreta, o tráfico e a droga vão monopolizar e tomar conta das favelas brasileiras. Considero a melhor cena do filme uma aula de sociologia de uma universidade carioca onde os alunos estudam Foucault e grande parte deles -- a maioria da classe média que rola seu baseado do dia a dia -- acham que a polícia está do lado dos ricos para impor seu poder sobre os pobres. Aquele velho discurso barato da década de 60 que não mais se justifica. Foucault encalhou no labirinto escuro das favelas, onde os soldados de "preto" do Bope (missão dada é missão cumprida) ingressam para prender os impiedosos e assassinos traficantes que dominam todas as ruelas da imensa comunidade, inclusive suas ONG´s (tucanas ou não). E tudo se relativiza na classe média que faz passeata pela paz, fumando o baseadinho do fim de dia e da semana. Tropa de elite é um tiro no coração de um Estado corrupto, ineficiente e sem vontade e que mostra que existem no Brasil, ainda, os capitães Nascimento que querem que este país funcione, dê certo, que siga o caminho e a linguagem do desenvolvimento - custe o que custar. Tropa de elite é um tiro no algemado cérebro da hipocrisia brasileira, cuja elite intelectual insiste em relativizar o que não pode ser relativizado. Que lado você está: da bandidagem ou da lei?

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Uma Muito Curiosa Enquete


Uma pergunta óbvia deve merecer uma resposta óbvia, mas não para os leitores e admiradores da Revista e do site Carta Capital.

Carta Capital faz uma pergunta (em pool, em enquete) que é a seguinte:

Com base nos casos de Vale e Petrobras, qual é a gestão mais eficiente para uma empresa?
a) Privada
b) Estatal
c) Indiferente

E o resultado tem sido o seguinte, por enquanto:


Privada 34.76% (497 votos)
Estatal 38.46% (550 votos)
Indiferente 26.78% (383 votos)

O dono deste depósito entende que a enquete foi realizada para ter um resultado garantido. Compara-se a Vale e a Petrobrás como símbolos da empresa privada e do estatismo. A Petrobrás é o grande modelo de empresa estatal, o grande exemplo de uma empresa lucrativa. Mas por que a Petrobrás lucra tanto? A resposta é simples como água morna e até meu cão, o Trosco, sabe: porque ela tem o monopólio da distribuição dos combustíveis neste imenso Brasil e, por isso fatura alto, muito mais, mas muito mais mesmo do que o Bradesco, o Itaú, o Santander juntos. A pergunta que não pode calar é a seguinte: o que tem atrás da caixa preta da Petrobrás? Isso ninguém sabe, isso ninguém viu.

Mas como bem se sabe, os leitores do Carta Capital, em sua grande parte, acreditam piamente que o mensalão não existiu, que é invenção da mídia golpista e o que eles querem, afinal? Que o Brasil tenha mais e mais estatais para financiar a continuidade de um projeto de poder. Que o Brasil tenha mais e mais estatais para financiar revistas do tipo Carta Capital. Por isso os fregueses e simpatizantes do Carta Capital quando acessam o site clicam na opção estatal, como se essa fosse a gestão mais eficiente para uma empresa. Todo mundo está careca de saber que a gestão estatal é incomparavelmente mais ineficiente do que uma gestão privada. Isso, no juridiquês, se chama de fato incontroverso, inconteste, notório. O óbvio dos óbvios. Mas para o pessoal do Carta Capital, é tudo bem diferente e o óbvio não é tão óbvio assim. Alguém de sã consciência pode acreditar numa enquete dessas?

A Coisa Aqui Tá Preta


Na Zero Hora de hoje:

O Rio Grande do Sul é o único de 24 Estados a apresentar déficit nominal entre janeiro e agosto deste ano.O levantamento, feito pelo jornal O Estado de S.Paulo, indica que, se o superávit da maioria dos Estados reflete um momento positivo das contas públicas, possibilitado pelo aumento das receitas de ICMS e a contenção de despesas, as finanças gaúchas se encontram em um momento crítico.Apenas o Rio Grande do Sul não está conseguindo gerar superávit nominal entre os 24 Estados pesquisados.

A História e seus Preconceitos


Tá bom de pescar hoje no diario gauche:

Contabilidade macabra
Já é senso comum considerar como uma tragédia espantosa e absurda o ataque às torres gêmeas de Nova York, em 11 de setembro de 2001. Senso comum construído, montado e mitificado pela mídia corporativa unidimensional de todo o chamado mundo democrático liberal.
Em Nova York foram exatos 2.993 mortos, incluindo os 19 seqüestradores dos aviões e os 24 desaparecidos, conforme
www.michaelmoore.com
Já no Iraque, as vítimas dos terroristas invasores norte-americanos do governo Bush Júnior (onde o senso comum ainda não foi moldado para classificar como “tragédia espantosa e absurda”), a contabilidade macabra já conta com 80.116 mortos, na maioria crianças e civis iraquianos (fotos), até o momento.

A imensa maioria dessas vítimas e mortes de guerra não foi causada pelo exército americano, mas pela guerra existente entre os próprios iraquianos. Na verdade, existe uma guerra civil no Iraque, em diversos frontes. Quando um iraquiano suicida se detona com bombas em frente a um quartel, a uma loja, a um posto policial, a uma zona eleitoral, cheio de inocentes iraquianos não se pode culpar -- diretamente -- por esse fato, o exército americano. É claro que tudo é consequência da irresponsável invasão americana, mas são os próprios iraquianos e suas facções radicais que estão levando essa guerra além. E recentemente o conflito pode piorar com uma guerra entre turcos e curdos e com a participação, ainda, do Curdistão. Quanto ao Afeganistão, a invasão americana libertou o povo daquele país de um regime completamente tirano, o Taliban, e que é financiado pelo terrorismo internacional e que, ainda, resiste. Está na hora dos scholars de esquerda enfrentarem a história de acordo com os fatos e não com o preconceito.

OP e Democracia Participativa


Do diario gauche pesco as seguintes definições:

A diferença entre OP e democracia participativa é a diferença entre o excedente e o necessário. O OP só é possível se estabelecer no reino do excedente econômico. A democracia participativa é condição essencial na república do necessário (precisamente o caso do PT, hoje).
O OP é uma forma de democracia participativa que pode até ser salutar no âmbito municipal. Ninguém nunca conseguiu implantar OP em regiões maiores, como Estados ou na União. Não conseguiu, porque se trata de missão impossível. Democracia participativa é importante, sob duas formas: referendo e plebiscito e ponto final. O que geralmente ocorre na democracia participativa é a participação quase exclusiva de minorias participativas que se acham no direito de expressar sua voz como se fosse da maioria da sociedade -- que sequer foi consultada

Na Apática Argentina, o Brasil Vai Às Compras!


Dizem que é impressionante a apatia do povo argentino diante das eleições deste próximo domingo. Deu na Folha: Um levantamento encomendado ao instituto Poliarquia pelo jornal "La Nación" revela que 72,8% dos argentinos dizem se interessar pouco ou nada por política. O número de desinteressados pela atual campanha eleitoral é maior: somam 73,5% os que dizem que acompanham pouco ou não acompanham a campanha.
O povo diz: "Voto em Cristina não porque goste, mas porque não há outro.", conforme comentou Newton Carlos que está em Buenos Aires, acompanhando as eleições.
Por isso, exatamente por isso, Cristina Fernández de Kirchner deve ser eleita, já no primeiro turno.

Enquanto isso, dizem, também, que os índices econômicos da Argentina estão sendo constantemente maquiados. Dizem, também, que Cristina vai fazer uma mexida econômica tão logo eleita. Dizem se tratar de uma espécie de plano cruzado platino. Dizem.

E os brasileiros vão as compras na Argentina, um dos poucos países do mundo onde o dólar dispara. De fato, está barato -- b-a-r-a-t-í-s-s-i-m-o comprar na Argentina.
E não são apenas os turistas que fazem compras na Argentina. As empresas brasileiras estão comprando empresas Argentinas.
Fato curiso é o caso da Alpargatas. É uma marca tão forte que deu nome a um tipo de calçado muito usado na Argentina, Uruguai e sul do Brasil, as alpargatas (imagem acima). A Alpargatas nasceu na Argentina em 1883 e se espraiou pelo Brasil afora, sob o nome de São Paulo Alpargatas, que continuou a ser empresa argentina (fabricante das conhecidas sandálias havaianas). Na década de 80 o grupo brasileiro Camargo Corrêa comprou dos argentinos a São Paulo Alpargatas. E há duas semanas a Alpargatas argentina foi comprada pelo mesmo grupo brasileiro. A Alpargatas argentina, agora brasileira, é a principal fabricante de têxteis para jeans e de calçados esportivos na Argentina, onde detém as marcas Nike e Adidas. Pesquei essa notícia da Folha de hoje.