Sempre defendeu a integração completa dos dirigentes com a população. Evitando populismos demagógicos. E assim mesclava a força das massas organizadas com o papel dos dirigentes, dos militantes, praticando aquilo que Gramsci já havia discorrido como a função do intelectual orgânico coletivo.
Teve uma vida simples e despojada. Nunca se apegou a bens materiais. Denunciava o fetiche do consumismo, defendia com ardor a necessidade de elevar permanentemente o nível de conhecimento e de cultura de todo o povo. Por isso, Cuba foi o primeiro país a eliminar o analfabetismo e, na América Latina, a alcançar o maior índice de ensino superior. O conhecimento e a cultura eram para ele os principais valores e bens a serem cultivados. Daí também, dentro do processo revolucionário cubano, era quem mais ajudava a organizar a formação de militantes e quadros. Uma formação não apenas baseada em cursinhos de teoria clássica, mas mesclando sempre a teoria com a necessária prática cotidiana.
Acreditar no Che, reverenciar o Che hoje é acima de tudo cultivar esses valores da prática revolucionária que ele nos deixou como legado.
A burguesia queria matar o Che. Levou seu corpo, mas imortalizou seu exemplo. Che vive! Viva o Che!
Minha resposta: Armando, estou proibido, pelo dono do Blog, de fazer mais de um comentário por post. Não se trata de fascismo, mas de realidade. Che foi - SIM - um assassino cruel, intolerante, totalitário, uma criança mimada que não tinha limites. As pessoas em La Cabaña eram fuziladas sumariamente, apenas porque estavam lá e eram considerados (por quem, cara pálida????) "inimigos da revolução". Nenhum humanista, nenhuma pessoa sensata, nenhuma pessoa com o mínimo de escrúpulo iria compartilhar de tão macabra situação, mas Che foi o comandante que determinou a morte de cada um, apenas porque essas pessoas discordavam da revolução. E Che é adorado pelo mesmo rebainho alienado que canta as marchas do MST. Isso se chama massa de manobra. A grife Guevara é uma adoração à desumanidade. E que bom que a história pode ser reescrita.
(A foto acima é de Guevara com Sartre e Simone de Beauvoir)
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Publicado em: 02/10/2007 08:39
Jon Lee Anderson defende Che Guevara e critica falsidades reducionistas sobre o Iraque
Por Pedro Venceslau/ Redação Revista IMPRENSA, enviado a Porto Alegre*
Poucos jornalistas no mundo conhecem tão bem o Iraque como Jon Lee Anderson. Para observar o conflito com um olhar diferente de seus colegas correspondentes, Anderson sempre tentou evitar a companhia do Exército Americano. Pouco tempo depois da invasão americana, ele passou 21 meses acompanhando a rotina de um grupo de iraquianos seguido apenas por um tradutor, que também fazia papel de segurança. O resultado foi o livro "A queda de Bagdá", considerado pela crítica o mais brilhante e corajoso retrato do outro lado do conflito.
Nesta segunda feira, depois mais uma temporada em Bagdá, Anderson desembarcou em Porto Alegre (RS) a convite da Copesul (Companhia Petroquímica do Sul) para proferir uma palestra e responder perguntas da platéia. O evento, parte da série "Fronteiras do Pensamento", lotou o auditório da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Apesar de criticar duramente a gestão Bush e a ocupação, Anderson defendeu com entusiasmo a cobertura feita pela mídia norte americana. "A tese de que a mídia americana foi cúmplice do Pentágono no Iraque é uma falsidade reducionista. É lógico que existem repórteres lacaios, mas a mídia norte americana é tão livre que lava sua roupa em público. Como vocês ficaram sabendo das torturas de Abu Graib? E dos abusos de Guantanamo? Vocês ficaram sabendo delas por jornalistas americanos".
Sobre o futuro na região, as previsões de Anderson são pessimistas. Ele acredita que o Exército Americano deve permanecer por algumas gerações no Iraque. "Nenhum candidato democrata conseguiu prometer que as tropas sairiam. Todas as guerras deixam feridas que demoram muito tempo para cicatrizar, mais tempo que a própria guerra. Cada gota de sangue derramado exige outra para ser vingada". Além de cobrir o Iraque, o jornalista, que hoje é colaborador da revista New Yorker, também acompanhou in loco a ocupação do Afeganistão.
Depois de sua última viagem a Cabul, feita recentemente, Anderson subiu uma oitava as críticas que sempre fez em relação à política americana para a região. "Não houve reconstrução nenhuma lá. Não foi feito nenhum investimento para mostra que nós, EUA, estamos preocupados com a reconstrução de suas instituições. O presidente do país é chamado de prefeito de Cabul, porque não consegue sair de lá".
Ao final da palestra, Anderson, que também é autor da mais completa biografia sobre Che Guevara, foi chamado a comentar a matéria de capa de Veja, que demoniza o líder da revolução cubana, citando inclusive um trecho de seu livro. Ele acha que assassino é um termo forte, já que se vivia um contexto revolucionário, questiona o suposto número de 10 mil vítimas da revolução cubana e afirma: "As pessoas procuram um herói e querem acreditar que ele (Che) tinha qualidades. E ele de fato tinha qualidades". Em tempo: no próximo dia 8 de outubro a morte de Che completa 40 anos. Antes da palestra, Jon Lee Anderson concedeu uma entrevista exclusiva para IMPRENSA, que você confere na edição de novembro.
*Pedro Venceslau viajou a Porto Alegre a convite da Copesul.
Não estou aqui para defender a Veja. Até admito que Veja possa ter exagerado ao utilizar fontes anticastristas dos 'gusanos' de Miami, mas ela utilizou duas biografias que também li e que não desmentem o fato de que Guevara era uma pessoa extremamente complicada, com temperamento explosivo e que não media nenhum esforço para conseguir o que efetivamente queria. Guevara andou pela América Latina, na década de 50, viu a pobreza de perto e também a injustiça. A causa era nobre, mas os meios poderiam ter sido outros e foi Guevara que recomendou a violência. Seus diários são repletos de estratégias violentas e de discurso impiedoso. Não quero - sobre hipótese alguma -- analisar Guevara com as lentes de hoje, mas ele estava muito longe de ser humanista. E se tivesse feito hoje o que fez em La Cabaña ele seria considerado um tirano. Che tinha sim seu lado tirano e arbitrário. O que Veja fez foi mostrar o outro lado nunca divulgado da figura do mito. E isso é jornalismo que deve também ser feito. Ninguém é obrigado a acreditar, mas as passagens complicadas do Che assassino estão em sintonia com a boa biografia (Anderson e Castañeda).
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