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quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A Grife Guevara - A Verdade Emoldurada


O De Castro, do blog com nome muito bom, ribimboca da parafuseta, fez um alarde tremendo no diario gauche sobre os comentários da Veja e deste blogueiro sobre Che Guevara. Pois é, Castro, dói muito, dói demais tocar nos ídolos.

De Castro indica a última revista Fórum que diz o seguinte sobre Che:

Mas como definir o humanismo de Che diante de alguém que, ao mesmo tempo, defende a “morte impiedosa do opressor”? Essa aparente contradição é feita reiteradas vezes principalmente por políticos ligados à direita que, em geral, vêem sentido em ditaduras alinhadas a sua postura política mas tratam do revolucionário como “terrorista”. Löwy não vê tal contradição já que, para o humanismo revolucionário, a guerra empreendida pelo povo é a única resposta necessária e a única possível dos oprimidos contra os opressores que patrocinam a violência institucionalizada. “Na atual conjuntura latino-americana, a luta armada só interessa aos fabricantes de armas e à extrema direita. No entanto, como princípio, defendido por Santo Tomás de Aquino e o papa Paulo VI na encíclica Populorum Progresio, ela é legítima, desde que não reste ao povo outro recurso para demover o tirano senão a legítima defesa das armas. Essa é uma interpretação humanista da tradição judaico-cristã, incorporada pelo marxismo”, entende Frei Betto. Peter McLaren tece uma consideração interessante a respeito de como a teoria revolucionária de Che foi absorvida inclusive por setores católicos na América Latina. “Figuras religiosas como Dom Helder Camara e Oscar Romero falaram de ‘trindade de sangue’, três níveis de violência: violência estrutural, violência revolucionária e, por fim, reacionária”, explica. “O primeiro nível, ou violência do ‘pai’, seria a opressão social, econômica, política, do sistema militar e de arranjos, codificada na lei e nos hábitos e que é responsável por dezenas de milhares de mortes de inocentes em todo mundo diariamente. A violência revolucionária, o segundo tipo, ou violência do ‘filho’, seria a resposta à violência de primeiro nível, a estrutural. A reacionária, ou ‘diabólica’, consistiria na resposta do Estado a atos de revolta contra a violência estrutural”, descreve. Ainda segundo o professor, a revolucionária é a única violência que pode ser justificada, pelo menos teoricamente, como forma dos trabalhadores defenderem suas famílias da agressão exercia pelos representantes ricos da violência de primeiro e terceiro níveis. “Mesmo a figura de Jesus revela alguma simpatia com os objetivos da violência de segundo nível, já que ele era bastante simpático à insurreição contra a ocupação romana, embora tenha praticado a resistência da não-violência”, pontua.


Comentário do dono do bolicho:

A revista forum parece mais o diario gaucho (não confundir com diario gauche). Quer dizer, então, que "para o humanismo revolucionário, a guerra empreendida pelo povo é a única resposta necessária e a única possível dos oprimidos contra os opressores que patrocinam a violência institucionalizada." Mas qualquer imbecil, qualquer cretino, os Hitler da vida, o Mussolini, o Franco da vida, o Stalin e politburo se acham donos da vontade popular. Qualquer pessoa bem oportunistinha vai matar um monte de gente porque a causa é justa: a única necessária e possível para salvar os oprimidos da violência institucionalizada. Ora, ora, pipocas, conta outra que essa não pegou!

5 comentários:

Letícia Losekann Coelho disse...

São uns demagogogs...pura besteira!!

Anônimo disse...

Não me leve a mal, eu não idolatro ninguém,nunca tive poster do Che na parede, só que voce está sendo reacionário como o Stédile, e seu ódio ao pt do sul subiu à cabeça. Mas o mundo não é prêto e branco como voce vê, ou vermelho, verde e amarelo e vermelho. Existe o meio termo. Aí no sul parece que se voce não é pt é tucano, ou vice-versa. Aqui no Rio a coisa não funciona assim. Mas voce se diz socialista e liberal e ficou muito mordido com as criticas. Eu coloquei o link da Forum como informação. Voce comparou o Che Guevara com o que de pior existiu no seculo XX. Isso é falácia. Está se baseando em uma reportagem panfletária. Porque a reportagem não entrevistou Alberto Granado? Só abordou um ponto de vista? Jornalismo criterioso não funciona assim. Voce só está repetindo a mentira da Veja. No meu post eu falei que a américa latina precisa desse mito. Não importa se o Che abandonou um cargo político por tédio. O que interessa foi a sua luta por igualdade social e justiça. E voce não tem como negar que nos primeiros anos da revolução cubana ocorreram avanços sociais, ou que um bolsa familia é melhor do que nada. É política assistencialista sim, mas os governos anteriores nem isso fizeram. Che justiçou criminosos após uma revolução sangrenta, no Brasil pessoas foram torturadas e assassinadas porque tinham o Manifesto Comunista na prateleira da biblioteca.Falei que nossos mitos são do século passado e que o Che é atual. Não sou a favor do culto a personalidade, como fazem com Fidel, Lula, Chaves, Jesus, papa, John Lennon. Os americanos cultuam John Wayne e pistoleiros, e isso não deu muito certo.

Anônimo disse...

Carlos Eduardo não só por esta,postagem, claro, mas por suas lúcidas posições o Varal de hoje te indica para receber um mimo.

Forte abraço, e continue sua luta meritória!

PoPa disse...

Quantos norteamericanos Che matou na sua luta "contra o Império"? Se ele tivesse tido sucesso em algumas de suas tentativas, seria diferente dos outros ditadores do século XX?

Que é um mito, não há dúvidas. Herói? Conta outra!

Carlos Eduardo da Maia disse...

de Castro, o PT do sul é muito diferente do PT do RJ, infelizmente. E o mundo não é preto nem vermelho e existe muito espaço, mas muito espaço mesmo entre o 8 e o 80. Existe o meio termo e é exatamente ai que se encontra as melhores soluções. Mas se vc notar, de Castro, a turma que frequenta o diario gauche não está interessada no meio termo. O pessoal é radical mesmo. É aquele velho e ressentido discurso contra todos os brancos burgueses que são necessariamente golpistas. E o discurso radical que o Che sempre teve e seu ressentimento contra qualquer símbolo que ostente o mínimo do capital alimenta esse antagonismo. Não - de castro - eu não fiquei mordido com as críticas e acho bom que me critiquem. É por ai que o bom debate anda. A Veja pode ter exagerado em ter consultado gusanos de Miami, mas ela não falou nenhuma mentira. De fato, Che foi um assassino, pode ter sido um humanista antes da revolução, como mostrou Walter Salles, mas depois ele pegou em armas, atirou e matou. Não tinha necessidade de matar, porque o governo do Batista caiu de podre, praticamente não houve resistência. O povo cubano apoiou e muito a revolução. Isso está nas boas biografias. Che Guevara está longe, muito longe de ser um ícone do humanismo. Basta ler as boas biografias dele, as quais recomendo, porque sua vida foi fascinante. Um abraço e paz na terra.